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Construtora que domina licitações do governo Bolsonaro usa empresa de fachada em pregões, diz mídia

Sem tradição em disputas pelas obras federais, uma empreiteira do Maranhão já tem reserva orçamentária para recebimento de ao menos R$ 600 milhões do governo em 2022. A construtora Engefort já conquistou a maioria das pavimentações durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) em diferentes licitações.
Sputnik
Em alguns dos pregões, a companhia de engenharia teria participado sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão dos sócios da Engefort. A prática é usada para aparentar que há concorrência em determinada licitação.
As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (11).
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Dentro do governo federal, esse tipo de obra é controlado pela autarquia Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), estatal posta por Bolsonaro sob controle do centrão em troca de apoio político ao governo dentro do Congresso Nacional.
Na empresa pública a Engefort selou contratos e obteve verbas por meio de emendas parlamentares — que ampliam a troca de favores entre o presidente e seus aliados no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.
Ainda de acordo com o jornal, o governo de Bolsonaro reservou por volta de R$ 620 milhões do Orçamento para efetuar pagamentos à Engefort. O total do valor quitado até então já soma R$ 84,6 milhões.
A empresa, cuja sede fica em Imperatriz, no interior do Maranhão, silencia acerca dos contratos e da empresa de fachada sob registro do irmão dos sócios.
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A Engefort Construtora e Empreendimentos liderou os repasses da Codevasf no ano passado. Mesmo sem tradição nos pregões, ela foi a segunda construtora que mais teve valores empenhados pelo governo em 2021.
A Codevasf, autarquia federal que gere os contratos de construção civil, não se manifestou sobre a Engefort quando procurada pelo jornal diário.
Já a empresa de fachada é Del Construtora Ltda., registrada em nome de um dos irmãos dos sócios da Engefort.
O jornal apontou ainda um dos casos mais chamativos: o do pregão eletrônico no qual a Engefort ganhou um contrato de R$ 62,5 milhões para pavimentação no Amapá.
Apenas a Engefort e a Del participaram. Segundo a ata, a Del enviou um link para acesso à documentação da companhia, mas a pasta estava vazia. Caso a tivesse apresentado, seria possível verificar que o sócio-administrador da concorrente é Carlos Del Castilho Júnior, irmão dos sócios da Engefort.
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A falta de documentação da Del levou à sua desclassificação, o que permitiu que a Engefort obtivesse o contrato em valor praticamente cheio.
Na documentação apresentada pela Engefort para a disputa, constam como sócios da empresa Carlos Eduardo Del Castilho e Carla Cristiane Del Castilho.
Segundo o jornal, outra licitação em que as duas empresas participaram na qual a Engefort foi novamente vencedora dizia respeito a supostas pavimentações em vias rurais no Maranhão, no valor de R$ 55 milhões.
Não há registro de que a Del tenha vencido qualquer concorrência federal ou estadual no Maranhão. O jornal procurou a empresa em sua sede registrada nos documentos, mas constatou que o endereço não existe.
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A Engefort fez obras com recursos de contrato celebrado com a Codevasf na cidade em que mantém sua matriz, Imperatriz, no interior do Maranhão.
Com menos de dois anos de existência, a obra (um anel viário para servir de ligação entre a BR-010 e bairros da cidade) foi entregue em dezembro de 2020, custou R$ 3,8 milhões, já passou por reformas e tem buracos grandes que põem condutores e transeuntes em risco.
Ela foi inaugurada com o presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, e com o deputado federal Juscelino Filho (União Brasil-MA), que destinou o valor de uma emenda parlamentar para a sua construção.
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