Panorama internacional

Enquanto G7 critica proibição de exportação de trigo da Índia, Modi diz garantir suprimentos

No sábado (14), o governo indiano restringiu as exportações de trigo, dias depois de o primeiro-ministro Narendra Modi ter se gabado dos estoques de alimentos e da capacidade do país de alimentar o mundo quando a crise ucraniana interrompeu as cadeias de suprimentos.
Sputnik
Depois de enfrentar críticas dos países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), a Índia explicou que a restrição às exportações de trigo não afetaria seu "compromisso anterior", ressaltando que a decisão visa apoiar países vizinhos e vulneráveis afetados negativamente pelas mudanças repentinas no mercado global.
"Esta restrição não se aplicaria nos casos em que compromissos prévios tenham sido feitos pelo comércio privado, bem como em situações em que o governo da Índia concede permissão a outros países para atender às suas necessidades de segurança alimentar e a pedidos de seus governos", diz um comunicado emitido pela embaixada indiana em Berlim.
No sábado, o governo indiano anunciou uma emenda na política de exportação de trigo da Índia após a baixa produção devido a uma onda de calor sem precedentes que varreu o país desde março.
Em fevereiro, o Ministério da Agricultura da Índia projetou a produção de trigo em um recorde de 111,3 milhões de toneladas para este ano. No entanto, a produção agora é estimada em cerca de 105 milhões a 106 milhões de toneladas, pois uma onda de calor severa levou à perda de umidade e grãos menores.
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A súbita mudança de política surpreendeu muitos quando o Ministério do Comércio da Índia anunciou delegações comerciais para nove países, em 12 de maio, para explorar oportunidades de alcançar 10 milhões de toneladas de exportações de trigo este ano.
Os países do G7 condenaram a decisão de Nova Deli de suspender as exportações, pedindo à Índia que assuma sua responsabilidade como membro do G20.
Ainda no sábado, o ministro da Agricultura alemão, Cem Ozdemir, disse que a questão vai ser levantada durante a Cúpula do G7 de junho, na qual o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, deve participar.
"A proibição de exportações afeta países como Bangladesh e Nepal, que precisam dela urgentemente. Recomendamos também que uma decisão concreta seja tomada sobre essa questão na reunião de chefes de Estado e de governo do G7, para a qual a Índia vai ser convidada", disse Ozdemir.
No entanto, a Índia alegou que a decisão de regular as exportações de trigo e direcioná-las por meio de canais governamentais garantiria o atendimento das necessidades genuínas dos vizinhos da Índia e países com déficit alimentar, bem como controlaria as expectativas inflacionárias.
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Autoridades indianas disseram no sábado que Nova Deli comprometeu 4,5 milhões de toneladas de exportações de trigo este ano. No ano passado ela exportou mais de 7,2 milhões de toneladas de trigo, principalmente para Bangladesh.
Vários traders disseram à Sputnik sob condição de anonimato que haviam encomendado grandes quantidades para compradores da Coreia do Sul, Filipinas, Tailândia, Turquia, Egito e Indonésia.
Em 12 de maio, o enviado da Índia em Omã, Amit Narang, disse à Sputnik que algumas remessas de trigo já haviam chegado ao país, e a Índia continuaria vendendo mais trigo para a nação do Golfo.
Após uma reunião de três dias dos ministros das Relações Exteriores do G7, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que o grupo está procurando rotas alternativas para trazer pelo menos 28 milhões de toneladas de trigo para os mercados globais, presas nos portos ucranianos em face à operação militar especial de Moscou.
Desde março, pelo menos sete grandes países produtores de grãos restringiram as exportações de trigo, deixando uma grande lacuna de oferta e alimentando preços 50% mais altos em relação ao início do ano.
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