As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico neste domingo (22), citando fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com a reportagem, emissários de ambos os países têm expectativa de aumentar as exportações brasileiras de milho, carne e outros produtos para o vultoso mercado chinês, em meio à atual crise alimentar global e à ameaça de desabastecimento como reflexo do conflito na Ucrânia.
Na reunião, representantes brasileiros devem solicitar mais transparência por parte de seu maior parceiro comercial quanto a suspensões de plantas autorizadas a exportar.
Para bloquear a exportação de carnes, por exemplo, a China vem usando o argumento de que frigoríficos teriam registrado casos de COVID-19, critério que não é considerado muito claro para o lado brasileiro.
As crises globais recentes deram ao Brasil uma oportunidade para investimentos oriundos da Europa e dos Estados Unidos em energia sustentável e alimentos.
Dentro dos círculos do governo brasileiro, a percepção é de que a China tem mais condições de investir no país do que nações ocidentais, prossegue o texto.
Antes da reunião da Cosban de amanhã (23), Karin Vazquez, pesquisadora da Universidade de Fudan (em Xangai, na China), preparou um artigo avaliando as relações sino-brasileiras.
Em sua visão, elas devem passar de "contestações ideológicas" para um olhar pragmático, independentemente da relação do Brasil com os EUA.
Entre 1995 e 2020, segundo análise de Vazquez, as relações entre Brasil e China se aprofundaram e se diversificaram, em governos de direita e de esquerda, a partir da ampliação da rede diplomática dos dois países, do aumento do comércio bilateral e dos investimentos, além da convergência das nações em termos de governança global.
Ainda de acordo com a pesquisadora, os comércios entre Brasil e China e Brasil e EUA cresceram em dimensão similar durante o período analisado.
Porém ela avalia que o comércio sino-brasileiro pode reproduzir uma dependência que, historicamente, marcou as relações de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
Independentemente da orientação política governamental, há interesses internos na sociedade brasileira e, também, forças concorrentes dentro do Executivo, que são mais determinantes na relação entre os países, concluiu Vazquez.