Nesta quinta-feira (30), o presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), pediu sua ajuda para convencer as autoridades bolivianas a enviarem Jeanine Añez para o Brasil como asilada política.
Bolsonaro, que se mantém distante de Fernández, algumas vezes até criticando o líder publicamente, se aproximou do líder argentino durante a Cúpula das Américas para interceder por Añez.
"Posso dizer porque ele [Bolsonaro] tornou o assunto público. Ele me pediu para interceder junto à Bolívia para que Áñez fosse exilada para o Brasil", afirmou Fernández citado pelo jornal O Globo.
O argentino teria respondido que "não poderia fazer nada disso, lamentavelmente e graças a Deus" e complementou dizendo que não queria fazer o que o colega brasileiro pedia por acreditar que a Bolívia deu "um exemplo para todo mundo ao julgar um golpe com um tribunal ordinário", segundo a mídia.
A questão veio à tona no domingo (30), quando Bolsonaro prometeu fazer o possível para que Añez viesse "para o Brasil caso assim o governo da Bolívia concordasse". Em seguida, a ex-presidente agradeceu o convite, mas disse que não sairia do país, conforme noticiado.
Depois das declarações de Bolsonaro, o governo boliviano se posicionou e classificou a proposta de Bolsonaro de "inapropriada ingerência em assuntos internos" e seu convite como uma "desafortunada declaração".
O ministro das Relações Exteriores, Rogelio Mayta, disse ainda que o governo da Bolívia abrirá um processo contra o Brasil: "Já trabalhamos nessa queixa. Vamos cumprir com as regras do relacionamento internacional e, nesse caso, o correto é fazermos uma reclamação diplomática", apontou o ministro.
Jeanine Añez foi sentenciada a dez anos de prisão no dia 10 deste mês por golpe de Estado efetuado na Bolívia em 2019.