Enquanto as tratativas para a viagem acontecem, o governo saudita pediu formalmente que o Itamaraty garanta imunidade absoluta de chefe de Estado ao príncipe herdeiro do país, Mohammed bin Salman (MBS), durante uma possível visita ao Brasil, segundo a Folha de São Paulo.
Por MBS não ser chefe de Estado e sim ministro da Defesa, a praxe diplomática prevê esse recurso para que líderes não sejam processados ou atingidos por qualquer ação policial ou judicial nos países que os recebem.
"[A imunidade] é a não sujeição de um ente protegido estrangeiro a autoridades locais. O ente não vai estar sujeito às leis e aos tribunais brasileiros. Não há dúvida que existe imunidade [no caso de Salman]. A dúvida é a sua extensão e se, justamente, a grave violação de direitos humanos é uma exceção a essa proteção. São pontos que ninguém sabe responder", explica Carmen Tiburcio, professora titular de direito internacional privado da UERJ citada pela mídia.
O príncipe saudita é acusado de ter ordenado, em 2018, o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colaborador do jornal The Washington Post. Khashoggi foi morto e desmembrado dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia. Ele nega envolvimento no caso.
A vinda de MBS ao Brasil estava agendada inicialmente para 14 de março, mas foi suspensa por decisão da monarquia. Novos preparativos foram feitos para 9 de maio, mas a viagem também foi cancelada, afirma a mídia.
Na consulta feita ao Itamaraty, a Arábia Saudita não detalhou as razões do pedido de imunidade absoluta, entretanto, esta não é a primeira ocasião em que o príncipe herdeiro solicita esse tipo de proteção a um país estrangeiro.