Joe Biden tem prometido "reorientar" as relações entre os EUA e a Arábia Saudita, mas ainda falta a resposta de uma das partes, com quem justamente Biden estava evitando ter contato, referindo-se à situação de direitos humanos no reino. A resposta saudita pode ser imprevisível, acreditam colunistas da Bloomberg.
"Após o início do conflito na Ucrânia, que estressou os mercados de energia, há alguns meses se tornou claro que o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, deixou de ser uma figura que o presidente norte-americano possa evitar, por estar procurando ajuda na luta contra o aumento súbito dos preços", diz a publicação.
Na sexta-feira (15), Biden vai visitar o país, que antes queria transformar em "pária". À visita, precedem meses da chamada "diplomacia de vaivém", efetuada por encarregados norte-americanos e que visava recuperar a aliança. Em outras circunstâncias, diz o artigo, a visita de Biden poderia servir como demonstração da influência norte-americana na região, mas no contexto de hoje a chegada de Biden a Jidá, segunda maior cidade da Arábia Saudita, assinala uma mudança da dinâmica nas políticas norte-americanas, por o aumento súbito dos preços de energia ter afetado de forma severa a economia norte-americana, enquanto a Arábia Saudita recebe um bilhão de dólares por dia com a venda de petróleo bruto.
Os colunistas lembram que o príncipe Mohammad foi sujeito às críticas norte-americanas depois do assassinato em 2018 do jornalista do The Washington Post Jamal Khashoggi. Por sua vez, os assessores de Biden declararam que o tema de direitos humanos está no foco da sua primeira viagem ao Oriente Médio como presidente norte-americano.
Mesmo assim, nos últimos meses, levando em conta a crise petrolífera global, Joe Biden decidiu mudar a sua retórica em relação ao país do golfo. No seu artigo datado de 9 de julho, Biden comunica que o objetivo do seu governo tem sido reorientar as relações, em vez de romper, com o país, que tem sido um parceiro estratégico norte-americano nos últimos 80 anos.
Ao mesmo tempo, as previsões dos colunistas da Bloomberg em relação à resolução do impasse petrolífero, que Biden planeja superar, estão longe de ser positivas. Segundo a edição, os observadores esperam mais um aumento na produção do petróleo, mas trata-se de um aumento insignificativo e incapaz de influenciar os mercados de maneira fundamental.
"As edições pró-governamentais e figuras influentes nas redes sociais da Arábia Saudita descrevem a visita de Biden como triunfo da família real autocrática, bem como a demonstração da importância do reino no mundo, que ainda depende de combustíveis fósseis", salienta a Bloomberg.
Afinal de contas, se a Arábia Saudita do passado atuava como uma jogadora cautelosa e submissa, agora o país demonstra um comportamento muito mais insistente, principalmente devido ao príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que está muito mais aberto ao desenvolvimento dos laços com a Rússia e a China e está prestes a resistir à Casa Branca, exigindo respeito, em vez de aprovação, conclui a publicação.