Paris não acredita que o gasoduto MidCat para a Europa ajudaria na crise de energia no continente, garantem diferentes jornais e portais. O grande projeto defendido por Madri e Berlim enfrentou resistência francesa após a divulgação, pelo El País, de uma carta do Ministério da Transição Energética da França.
A Espanha importa gás natural da Argélia através de dois gasodutos submarinos, o Magreb-Europa e o Medgaz.
Apelidado de Midi-Catalonia Pipeline ou MidCat, o projeto visava criar uma rede de trânsito de gás abrangendo centenas de quilômetros em toda a Espanha e França e fornecer cerca de 7,5 bilhões de metros cúbicos de capacidade de trânsito de gás.
Ele foi lançado pela primeira vez em 2015, e enfrentou problemas ainda em 2019 com o governo da França, que deveria cobrir grande parte de seus custos e o considerou financeiramente inviável.
A ideia do MidCat foi revivida em maio de 2022, em meio a temores de uma iminente crise de energia devido a possíveis cortes no fornecimento de gás da Rússia, o principal fornecedor de energia do continente.
De acordo com o El País, "Madri e Berlim estão se esforçando para revivê-lo", embora Paris esteja reticente. Segundo o documento do Ministério da Transição Energética da francês, "tal projeto exigiria, de qualquer forma, muitos anos [para que] se tornasse operacional".
A carta aponta que levariam muitos anos para concluir apenas os estudos relevantes e outras documentações relacionadas a esse projeto, acrescentando que "é improvável que o MidCat ajude com a atual crise de energia na UE ou com a potencial escassez neste inverno".
Em vez disso, Paris sugeriu construir mais terminais de gás natural liquefeito, chamando-os de "investimentos menores e mais rápidos".
Embora o presidente da França, Emmanuel Macron, não tenha falado sobre o assunto até o momento, o ministério de Transição Energética francês sustenta que o MidCat deve ser "sujeito ao diálogo entre os Estados afetados", acrescentando que "a solidariedade europeia e nossos objetivos climáticos" também devem ser levados em consideração.
O aumento dos preços globais levou a uma crise energética na União Europeia (UE). O preço do gás no mercado europeu passou dos US$ 2.700 (R$ 14 mil) por mil metros cúbicos após anúncio da Gazprom sobre interrupção do funcionamento do gasoduto Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1).
No início deste mês, o bloco aprovou um plano que levaria os estados membros a reduzir seu consumo de gás em 15%, em uma tentativa de enfrentar a crise.