As autoridades da Noruega rejeitaram o pedido dos EUA e da Turquia para seus satélites utilizarem a estação de satélites no arquipélago norueguês de Svalbard, no Ártico, que acreditam que os dados coletados pelos satélites seriam utilizados principalmente para fins militares.
Segundo relatou na quarta-feira (24) a emissora NRK, esta é a primeira vez em mais de dez anos que a Autoridade de Comunicações Nacionais (Nkom) norueguesa rejeitou um pedido de utilização da estação de satélites Svalsat em Plataberget, Svalbard. A reguladora norueguesa também recusou à empresa americana a permissão de usar a estação norueguesa Trollsat, na Antártica, que também só pode ser usada para fins pacíficos. Trata-se da primeira rejeição deste tipo.
A Nkom detalha que o satélite americano Rapid Revisit Optical Cloud Imager (RROCI, na sigla em inglês) é financiado pela Força Aérea dos EUA, com Bent André Stoyva, gestor de seção da Nkom, descrevendo o caso como "especial". A empresa proprietária do satélite também afirmou no seu portal que o objetivo é o desenvolvimento da tecnologia militar.
"Você não pode usar a estação terrestre para enviar ou ler dados de um satélite que funciona especificamente para fins militares. Esta é a razão pela qual este satélite foi rejeitado", explicou Stoyva.
Pela mesma razão, o acesso a Svalbard foi recusado ao IMECE, satélite turco para observação da Terra em alta resolução. Para a reguladora norueguesa, o IMECE é uma continuação direta de outro projeto de satélite turco, GOKTURK, que tem um fim militar declarado.
O Tratado de Svalbard de 1920, que reconhece a soberania da Noruega sobre o arquipélago ártico de Svalbard, na época referido como Spitsbergen, também regula sua desmilitarização. Os termos do acordo preveem que a Noruega é obrigada a não criar nem permitir o estabelecimento de quaisquer instalações que sejam utilizadas para "fins bélicos".