"Joe Biden teve que mandar emissários à Venezuela para importar mais barris de petróleo da Venezuela e diminuir as sanções. Neste momento, Nicolás Maduro [presidente da Venezuela] fica mais empoderado", ponderou Costa. "A economia venezuelana é muito dependente do petróleo, algo que os economistas chamam de doença holandesa: o país tem uma abundância de um recurso natural muito valioso, e isso é uma bênção e uma maldição. Porque é um bem que é extremamente valioso para aquela população e que pode trazer muita prosperidade. Ao mesmo tempo, é uma maldição porque isso inibe outros setores da economia de se desenvolverem. Então a Venezuela acaba sendo muito dependente do petróleo. Haja vista que o petróleo começou a disparar [quando o conflito na Ucrânia começou], foi um erro de cálculo da política externa americana."
Porém "o Irã está no eixo Rússia e China, claramente, [e] tem se fortalecido economicamente [com o conflito ucraniano] por causa do petróleo. E o mesmo aconteceu com a Venezuela, que é um desafeto americano na América do Sul, que eles consideram seu quintal. Como diria Joe Biden naquelas declarações desastrosas, 'Eu ouvi na universidade que a América Latina é nosso quintal, mas não é nosso quintal, é nosso pátio, é o nosso gramado'".
Entre a retórica e a forma
"Penso que essa resposta esteja ligada aos democratas e à política interna, principalmente quando você observa que a secretária de imprensa da Casa Branca [Karine Jean-Pierre] divulgou um comunicado dizendo: 'Está claro que a OPEP+ está se alinhando com a Rússia'. Basicamente, o que se observa é uma resposta explícita dos democratas ao enquadrar a ação da Arábia Saudita como um ato hostil contra os EUA e que beneficia a Rússia", avaliou.
"Ele disse: 'O que a Arábia Saudita fez para ajudar Putin na sua guerra desprezível e cruel contra a Ucrânia será lembrado por muito tempo pelos americanos'. É preciso notar o tom da declaração", indicou.
"O que é importante lembrar é que, de um lado, vemos os EUA e a Arábia Saudita com sólidos laços diplomáticos há mais de 90 anos. De outro lado, a ideia de que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman priorizou os interesses econômicos da Rússia em detrimento dessa parceria com os Estados Unidos", opinou.
"Os americanos estão cansados da inflação. Parte da população quer ouvir que a gasolina não vai mais subir, ou que a inflação vai cair. E a medida anunciada reduzindo a produção global de barris em 2 milhões por dia a partir de novembro pode fazer o oposto: pode fazer os preços dispararem. Novamente, às palavras: o que significa [que a Arábia Saudita] 'sofrerá consequências'? É tudo muito vago e subjetivo. Provavelmente não vai acontecer nada. É uma retórica que acaba atendendo a determinado grupo. No contexto das eleições de meio de mandato, é um recado para o eleitor interno", concluiu.