"A Ucrânia não é contra as negociações. [O presidente ucraniano] Vladimir Zelensky na cúpula do G20 falou sobre 'paz mundial' e expressou a vontade de alcançá-la", disse o ministro em entrevista ao jornal francês Le Parisien.
Segundo ele, para que as negociações aconteçam, a Rússia deve parar de "confundir negociações com um ultimato", acrescentando que nenhum líder ocidental, incluindo o presidente francês Emanuel Macron, seria capaz de pressionar a Ucrânia a negociar contra seus interesses.
A frase, no entanto, destoa da postura dos Estados Unidos, que estimularam Kiev a considerar demandas e prioridades realistas para as negociações, possivelmente reconsiderando seu objetivo declarado de restaurar o controle sobre a Crimeia.
"Uma paz justa começa com a restauração completa da integridade territorial da Ucrânia", acrescentou o diplomata.
Em 15 de novembro, Zelensky, em uma mensagem de vídeo para a cúpula do G20, disse que Kiev não queria assinar um acordo de paz que seria contra os interesses da Ucrânia e que Moscou "violaria imediatamente após a conclusão".
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentando a declaração de Zelensky, disse que suas palavras "confirmam absolutamente" a relutância de Kiev em negociar.
Mais cedo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que sem o golpe na Ucrânia em 2014 não teria havido nenhuma operação especial.
O presidente russo participou de uma reunião com as mães dos soldados e combatentes da operação especial russa na Ucrânia.
Ele falou sobre o conflito e o papel que algumas potências ocidentais desempenham para acirrar as tensões na região.
"Se não tivesse havido um golpe de Estado na Ucrânia em 2014, não haveria hostilidades agora", disse o presidente russo.
Segundo ele, foi "graças aos esforços" de alguns países, incluindo a Ucrânia, que "acabamos nessa situação". Putin ainda acrescentou que a operação militar especial está em andamento "porque eles trouxeram isso".
Ele criticou o caminho tomado pela Ucrânia depois de 2014, principalmente depois que alguns grupos políticos, ligados à memória de Stepan Bandera, um notório terrorista alinhado a Adolf Hitler, "assumiram o controle de todas as autoridades e administrações da Ucrânia".
"E quais são os de [Stepan] Bandera? Neonazistas. Bandera era o capanga de [Adolf] Hitler, ele atirou em russos, aliás, e poloneses, judeus, todos ali sob a direção de Hitler, e hoje eles elevaram essas pessoas ao posto de heróis nacionais," disse Putin.
Ainda de acordo com o presidente da Rússia, é contra isso que os militares russos estão lutando hoje na zona da operação militar especial.