"O muro que planejam erguer na fronteira russo-finlandesa, pelos vistos, será menos impressionante do que o Muro de Berlim e muito menos escandaloso do ponto de vista político do que a barreira tanto desejada pelo [ex-] presidente Trump entre os EUA e o México. Mesmo assim, o passo vai representar uma grande demonstração geopolítica", diz a edição.
Segundo o colunista, a construção de barreiras na fronteira entre a Rússia e a Finlândia pode agravar ainda mais a tensão nas relações entre o Kremlin e o Ocidente, bem como "assinalar que a operação russa na Ucrânia mudou a atitude da Europa ante o seu vizinho hostil provavelmente para sempre".
De acordo com a mídia, autoridades do serviço de fronteiras finlandês anunciaram que, na primavera que vem, planejam erguer ao longo da fronteira com a Rússia, perto da cidade de Imatra, no leste do país, um muro com cerca de 3 km de altura. Entretanto, já neste mês, as autoridades locais prometeram alocar 143 milhões de dólares (R$ 767 milhões) para ampliar a barreira fronteiriça até 160 km de extensão.
Se o projeto acabar por ser realizado, Helsinque fechará de 10 a 20% da sua fronteira com a Rússia, cuja extensão total supera os 1.300 quilômetros, apontou o jornalista. Conforme The Washington Times, o primeiro setor do muro será uma incitativa "piloto", e dos seus resultados vai depender a construção de outras partes da infraestrutura.
O colunista do The Washinton Times relembra que hoje em dia a Finlândia, junto com a Suécia, aguardam a aprovação definitiva das suas candidaturas de adesão à OTAN, e que "tal passo por parte de Helsinque irritou Moscou".
O governo finlandês, contudo, segue evitando declarar que o projeto do muro tem a ver com o conflito na Ucrânia ou com a opção do país de aderir à OTAN. O serviço de fronteiras explica a decisão pelo fato de a barreira poder facilitar o trabalho da patrulha fronteiriça elevando a sua eficácia, salienta o colunista da edição.
Ainda assim, é óbvio que, desde fevereiro do ano corrente, a dinâmica das relações entre Moscou e os seus vizinhos nórdicos tem sofrido mudanças sérias, sublinha-se no artigo.
A adesão de Helsinque e Estocolmo à Aliança Atlântica ficou parada por causa da Turquia, que inicialmente concordou em aprovar a sua entrada em troca de concessões adicionais, mas recentemente começou a declarar que não vê ações ativas por parte dos candidatos. O autor do artigo, contudo, está seguro de que a Finlândia e a Suécia vão ingressar na aliança proximamente.
"Entretanto, Moscou está manobrando com os seus recursos navais concebidos para operar nas águas do Ártico – ou seja, perto da Finlândia", diz o artigo.
Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin participou por videoconferência da cerimônia de lançamento de dois quebra-gelos atômicos, que, segundo ele, vão fortalecer o status da Rússia como grande potência ártica.