A Ômicron, a atual cepa dominante do SARS-CoV-2, surgiu na África Ocidental, apesar de ter sido detectada pela primeira vez na África do Sul, segundo um estudo publicado na quinta-feira (1º) na revista Science.
O estudo, realizado em conjunto por cientistas da Charite-Universitatsmedizin de Berlim, Alemanha, e uma rede de instituições africanas, examinou mais de 13.000 amostras de pacientes com COVID-19 coletadas em 22 países africanos entre meados de 2021 e início de 2022.
A pesquisa datou as mutações em questão mais precoces entre 25 pacientes de seis países diferentes da África Ocidental e Oriental, incluindo Benin e Nigéria. As amostras datavam de entre agosto e setembro de 2021, dois meses antes de a BA.1 ter sido descoberta pela primeira vez. Devido à debilidade dos sistemas de saúde nacionais, foram realizados poucos testes nesses locais, o que impediu a detecção do aumento das infeções.
A pesquisa questionou a validade da teoria de que o vírus sobreviveu por um longo tempo em um indivíduo imunocomprometido, supostamente infectado pelo VIH, e que foi aí que as mutações começaram. A teoria era consistente com a detecção inicial da Ômicron na África do Sul, que tem uma alta incidência de VIH.
"O padrão de mutação dos ancestrais da Ômicron e de cepas da Ômicron depositadas em bancos de dados públicos diferia substancialmente do padrão de mutação do SARS-CoV-2 em indivíduos imunocomprometidos", indicou o estudo.
Segundo ele, a evolução parcial dos ancestrais Ômicron em indivíduos imunocomprometidos não pode ser excluída, mas a variante não "evoluiu em um único evento de infecção", como mostram os dados de todo o continente.
"Nossos dados sugerem uma evolução prolongada e geograficamente ampla dos ancestrais da Ômicron em pacientes de toda a África", resumiu a pesquisa.