"Esta é uma questão muito importante. Ela ocupou bastante tempo durante as nossas discussões [em Istambul]. Nós falamos da implementação em geral dos acordos de Istambul assinados em 22 de julho deste ano." Segundo Vershinin, "a delegação russa examinou como ocorre a inspeção de um dos navios de carga seca que transporta grãos de Odessa".
"Era uma grande embarcação de carga seca sob a bandeira da Libéria, com uma capacidade de 65.000 toneladas de grãos. E ela se dirigia para a Espanha. Aliás, esta é uma ocasião para recordarmos que, até agora, os principais fornecimentos de cereais provenientes da Ucrânia não vão para os países mais pobres. Eles vão em primeiro lugar para países suficientemente desenvolvidos, abastados", disse o diplomata, ressaltando que o acordo de grãos foi assinado para garantir a segurança alimentar, em particular dos países mais pobres da Ásia, África e América Latina.
"Hoje, infelizmente, os números não confirmam que a maior parte dos grãos vai para esses países. Consideramos que são necessários ajustamentos", afirmou Vershinin.
O vice-ministro declarou que há melhorias no fornecimento de produtos alimentares da Rússia.
"No fim das contas, após nossos esforços e a assistência da Organização Mundial de Alimentação, ocorreram alguns avanços. Como sabem, o primeiro cargueiro vai para o Malawi, e outras [embarcações] deverão ir a seguir", notou ele.
De acordo com Vershinin, há um enorme abismo entre as palavras e as ações reais do Ocidente sobre as exportações agrícolas da Rússia que os parceiros devem superar.
"A questão mais sensível é que, apesar das declarações feitas em Bruxelas e Washington de que as exportações agrícolas da Rússia não serão sujeitas às sanções impostas ao nosso país de forma totalmente injusta e unilateral, no entanto, há muito tempo que não se registram progressos nessa questão. Há e permanece um grande abismo entre as declarações e ações reais. Esse abismo precisa ser preenchido pelos nossos parceiros", disse diplomata aos jornalistas após as conversações com a Turquia em Istambul.
Ele destacou também que por enquanto Moscou não obtém resultados concretos e substanciais sobre o acesso desimpedido aos produtos agrícolas e fertilizantes da Rússia.
"Acreditamos que, sendo parte de um pacote único, é absolutamente necessário fazer progressos na implementação da segunda parte do pacote do memorando entre a Rússia e o Secretariado da ONU. Ele prevê o acesso desimpedido aos produtos agrícolas e fertilizantes da Rússia. Ainda não estamos recebendo resultados concretos e substantivos", comentou Vershinin.
Em 22 de julho a Rússia, a Turquia e a ONU assinaram um acordo em Istambul para desbloquear as exportações ucranianas de grãos em meio às hostilidades, tendo sido criado um Centro de Coordenação Conjunto para garantir a segurança dos navios que transportam as mercadorias da Ucrânia e realizar as inspeções necessárias.