"Infelizmente, o Ocidente apenas intensificou suas ferramentas de provocação e nem sequer tentou atuar como mediador. […] Fomos nós que assumimos esse papel em 2022 em relação ao 'corredor de grãos' do mar Negro", apontou Erdogan em uma reunião com jovens turcos em Erzurum.
Segundo o líder turco, o objetivo do Acordo de Grãos tem sido fornecer alimentos para os países em necessidade.
Ao mesmo tempo, Erdogan salientou que no âmbito desta "Iniciativa do Mar Negro" a Europa recebeu 44% de todo o fornecimento, enquanto 16% foi para a Turquia e apenas 14% - para os países africanos.
"O senhor Putin disse: 'Vamos fazer assim, vamos nos concentrar na África em vez da Europa, estou pronto para enviar o trigo de graça'. Nós dissemos: 'Vamos converter o trigo que vocês enviam em farinha em nossas moagens e a seguir o enviamos para os países africanos que precisam'", acrescentou o presidente turco.
Erdogan salientou que o tema do fornecimento de fertilizantes russos para o mercado mundial ainda é uma questão difícil.
Nesta área tem sido realizado "um trabalho intensivo", acrescentou o líder da Turquia, expressando sua esperança sobre os passos conjuntos com Moscou para resolver a situação problemática.
O Acordo de Grãos, assinado em 22 de julho por representantes da Rússia, Ucrânia e ONU, prevê a exportação do trigo ucraniano, outros alimentos e fertilizantes através do mar Negro a partir de três portos, incluindo o de Odessa. O centro conjunto de coordenação em Istambul é responsável pela organização do movimento de navios.
O acordo devia expirar em 18 de dezembro, mas previa o prolongamento automático por 120 dias com o consentimento mútuo de todas as partes. A chancelaria russa declarou que "não foram expressas quaisquer objeções", sublinhando ao mesmo tempo que Moscou aceitaria o prolongamento da "Iniciativa do Mar Negro" sobre a exportação de trigo sem qualquer mudanças no prazo e condições do acordo.
O pacto faz parte integrante de um pacote de acordos, que, entre outros, prevê o desbloqueio da exportação de alimentos e fertilizantes russos. Além disso, Moscou tem repetidamente apontado que esta condição não é respeitada. Os representantes da ONU, por sua vez, têm assegurado que quaisquer limitações seriam retiradas.