Ao longo de sua campanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou que, em relação ao conflito na Ucrânia, estaria disposto a conversar tanto com Moscou quanto com Washington – uma vez que os EUA são os maiores aliados da de Kiev.
Após o resultado do pleito, em dezembro passado, Lula encontrou com conselheiro de Segurança Nacional do país, Jake Sullivan, em Brasília. Já no final do mesmo mês, o petista conversou com o líder russo, Vladimir Putin, e postou no Twitter sobre a ligação falando em "fortalecimento das relações Brasil-Rússia".
Ao que tudo indica, o mandatário pretende manter o canal aberto com os dois lados. Em encontros privados com líderes estrangeiros nos últimos dias, Lula sinalizou que viajará aos EUA se reunir com o presidente Joe Biden e que pretende, por telefone, manter uma conversa também com Putin, de acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL.
Segundo o jornalista, o relato foi feito à coluna por três integrantes de diferentes delegações estrangeiras que estiveram em Brasília para a posse.
Uma autoridade notável que falou sobre o assunto foi o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta. O mandatário disse que pediu ao presidente brasileiro que iniciasse uma costura com líderes da Turquia, Índia, Indonésia, África do Sul e até com a China, para que um grupo fosse estabelecido para mediar uma solução para o conflito.
Na visão de Ramos-Horta, nem os norte-americanos e nem os europeus podem hoje ter esse papel, já que formam parte das hostilidades. "Juntos, o Brasil e esses países têm peso e credibilidade no cenário internacional", justificou o presidente que também foi vencedor do prêmio Nobel da Paz.
A autoridade timorense afirmou que Lula não descartou a sugestão, sinalizando que poderia estudar o plano, mas que não tinha certeza se o Brasil seria importante o suficiente no mundo para realizar a tarefa. Entretanto, considerou que juntos, esses países poderiam ser ouvidos.
Sob o governo de Jair Bolsonaro o Brasil se aproximou comercialmente ainda mais da Rússia, na ONU se absteve em votações condenatórias aos russos e não aplicou sanções ao comércio russo, pelo contrário, em 2021, o Brasil importou US$ 5,6 bilhões (R$ 30,4 bilhões) em bens da Rússia, principalmente no setor de energia e fertilizantes. Em 2022, esse volume chegou a US$ 7,1 bilhões (R$ 38,6 bilhões).