"A prorrogação da MP teve o objetivo de dar tempo ao governo de estudar uma alternativa para as políticas de preços dos combustíveis, além de evitar um forte aumento de preços logo no começo do governo. Certamente o aumento dos impostos nos combustíveis teria impacto na inflação", avaliou. "O governo está pressionado para elevar a arrecadação. Por isso a medida de desoneração dos combustíveis deve ser realmente temporária. A forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional nos últimos dias vai permitir a redução da desoneração."
"Eles pagam muito caro pelo diesel, e nós sabemos que nosso país é um país de malha rodoviária. Desde o governo de Michel Temer [MDB] há uma pressão muito grande dos caminhoneiros sobre o preço do diesel. Tanto é que em muitos momentos eles, inclusive no governo de Jair Bolsonaro, tentaram fazer greves em função desses custos", analisa. "O diesel é o combustível que move este país. Ou seja, toda nossa malha rodoviária é abastecida com diesel. E [...] no momento em que nós temos esse insumo muito caro, isso vai encarecer o transporte, não só o transporte de carga, mas o transporte urbano. E, por fim, vai encarecer todos os bens: alimentação, energia, serviços e prestação de serviços."
"Ao diminuir os impostos federais sobre o gás de cozinha, há uma tentativa de minimizar o custo para o consumidor final. Até porque o aumento do preço do gás de cozinha incentivado pela tributação faz com que aumente o uso de carvão e lenha. Então se nós entrarmos no IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], o aumento do preço do gás de cozinha, principalmente no elo revendedor, faz com que as pessoas busquem outras formas de cozimento."
"Isso obviamente prejudicaria [...] as negociações do governo Lula com relação a retomar a economia brasileira — porque obviamente haveria preços mais altos, que recairiam não só na questão da alimentação, [...] mas também na questão dos preços dos serviços", continua.
"Eu acredito que essa medida provisória assinada pelo presidente Lula dará ao governo a possibilidade de poder ter um pouco mais de respiro para as próximas ações que ele vai tomar ao longo dos primeiros meses de 2023, que vão gerar reflexos positivos não só no lado econômico, mas obviamente no lado social brasileiro", conclui a coordenadora.