"Isso, em grande medida, movimenta a indústria bélica dos próprios EUA e torna a Ucrânia um país endividado, cuja eventual reconstrução será um ativo do capital estadunidense. Os objetivos dos EUA como nação são conflitantes, mas o que a administração Biden e os democratas têm é, na verdade, uma autorização da elite do seu país a tocar uma política que mira derrotar e aniquilar o presidente Putin para, em um segundo momento, colocar no poder um governo dócil aos EUA."
"O enfraquecimento da posição da Rússia em seu exterior próximo, e na Eurásia de um modo geral, trata-se de um objetivo geopolítico tradicional da política externa americana, o que leva autoridades em Washington a justamente auxiliarem a Ucrânia militarmente, na esperança de que os russos sejam eventualmente derrotados no campo de batalha. Com isso, vê-se cada vez mais dificultada uma solução diplomática para o conflito", aponta o pesquisador da USP.
Demonização russa reforça financiamento, e solução negociada segue distante
"Putin é demonizado — nunca criticado em termos reais —, e qualquer um que questione esse envio de armas e dinheiro é, consequentemente, caricaturizado como um apoiador desse 'regime ditatorial maligno'."
"Enquanto isso, na prática, a ajuda estadunidense à Ucrania (que hoje já ultrapassa a casa dos 100 bilhões de dólares [aproximadamente R$ 514 bilhões] e que consiste no fornecimento de armas, inteligência e treinamento de soldados) transformou o conflito em uma espécie de guerra por procuração contra a Rússia, apoiada tanto por democratas quanto por republicanos", apontou o pesquisador da USP.