Ele apontou as ações hostis que estão sendo conduzidas contra a Rússia, e indica as raízes do atual comportamento do Ocidente.
Durante o discurso o presidente russo apontou as dificuldades, os sacrifícios e os sucessos do país em combater a pressão que está sendo aplicada, e também como isso uniu a Rússia em torno de um objetivo comum.
Leia o discurso de Putin na íntegra:
Bom dia!
Estimados deputados da Assembleia Federal, senadores e deputados da Duma de Estado!
Estou fazendo este discurso em um momento difícil para nosso país, todos nós sabemos muito bem, em uma época de mudanças fundamentais [e] irreversíveis em todo o mundo, de eventos históricos importantes, que moldarão o futuro de nosso país e de nosso povo, quando cada um de nós tem uma enorme responsabilidade.
Há um ano, para proteger as pessoas em nossos territórios históricos, para garantir a segurança de nosso país, para eliminar a ameaça representada pelo regime neonazista que surgiu na Ucrânia após o golpe de Estado de 2014, foi tomada a decisão de conduzir uma operação militar especial. E, passo a passo, com cuidado e consistência, resolveremos as tarefas que enfrentamos.
Desde 2014, Donbass tem lutado, defendido o direito de viver em sua terra, de falar sua língua nativa, combateu e não se rendeu sob condições de bloqueio e constante bombardeio, ódio não disfarçado do regime de Kiev, acreditou e esperou que a Rússia viesse em socorro.
Mas nas nossas costas estava sendo preparado um cenário completamente diferente. As promessas dos governantes ocidentais, suas declarações sobre o desejo de paz em Donbass se revelaram, como vemos agora, uma falsificação, uma mentira cruel. Eles simplesmente têm empatado tempo, se engajando em muita mesquinhez, fechando os olhos para assassinatos políticos, para as repressões do regime de Kiev contra os indesejados, para a intimidação dos crentes, e encorajando cada vez mais os neonazistas ucranianos a cometerem atos terroristas em Donbass. Oficiais de batalhões nacionalistas foram treinados em academias e escolas militares ocidentais, eram fornecidas armas.
E gostaria de salientar especialmente que, ainda antes do início da operação militar especial, Kiev negociava com o Ocidente as entregas à Ucrânia de sistemas de defesa antiaérea, de aviões de combate e de outros equipamentos pesados. Também nos lembramos dos esforços do regime de Kiev para adquirir armas nucleares, afinal eles falaram sobre isso publicamente.
Os EUA e a OTAN estavam implantando rapidamente suas bases militares e laboratórios biológicos secretos perto das fronteiras de nosso país. No decorrer das manobras, eles estudavam o teatro das futuras operações militares, preparavam o regime de Kiev que controlavam, a Ucrânia por eles escravizada, para uma grande guerra.
E hoje eles o admitem, eles realmente o admitem publicamente, abertamente, sem vergonha. É como se eles se orgulhassem, se divertindo em sua perfídia, chamando tanto os Acordos de Minsk quanto o Formato da Normandia de espetáculo diplomático, de blefe. Acontece que todo o tempo em que Donbass estava queimando, quando estava sendo derramado sangue, quando a Rússia, quero sublinhar isto, de forma realmente sincera, buscava uma solução pacífica, eles estavam jogando com a vida das pessoas, jogando, basicamente, como dizem em certos círculos, com cartas marcadas.
Este método nojento de engano já foi testado muitas vezes antes. Da mesma forma vergonhosa, de duas caras, eles se comportaram quando eles destruíram a Iugoslávia, Iraque, Líbia, Síria. Eles nunca serão capazes de se limpar dessa vergonha. Os conceitos de honra, confiança, decência, não são para eles.
Durante longos séculos de colonialismo, de ditadura, hegemonia, habituaram-se a que lhes fosse permitido tudo, habituaram-se a não se importarem nada com o mundo inteiro. Acontece que eles tratam os povos de seus próprios países com a mesma atitude desdenhosa, senhorial, afinal, eles também os enganaram cinicamente ou os enganavam com contos de fadas sobre a busca da paz, sobre o compromisso com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre Donbass. De fato, as elites ocidentais viraram um símbolo de mentira total e sem princípios.
Defendemos firmemente não apenas nossos interesses, mas também nossa posição de que no mundo de hoje não deve haver divisão entre os chamados países civilizados e todos os demais, que é necessária uma parceria honesta, que por princípio nega qualquer exclusividade, especialmente uma agressiva.
Estávamos abertos, sinceramente prontos para um diálogo construtivo com o Ocidente, temos dito [e] insistido que tanto a Europa quanto o mundo inteiro necessitam de um sistema de segurança indivisível e igualitário para todos os Estados, e durante muitos anos propusemos aos nossos parceiros que discutíssemos esta ideia juntos, que trabalhássemos em sua implementação. Mas a resposta que recebíamos ou era inarticulada ou hipócrita. Isso é quanto às palavras. Mas também houve ações concretas: a expansão da OTAN até nossas fronteiras, a criação de novas áreas de posicionamento para a defesa antimíssil na Europa e na Ásia, um "guarda-chuva" com o qual decidiram se proteger de nós, a instalação de contingentes militares, e não só perto das fronteiras da Rússia.
Quero enfatizar, e isso é bem conhecido de toda a gente, que nenhum país do mundo tem tantas bases militares no exterior quanto os Estados Unidos da América. Há centenas, quero enfatizar isto, centenas de bases em todo o mundo, o planeta inteiro está cheio delas, basta olhar para um mapa.
O mundo inteiro testemunhou como eles se retirarem de acordos fundamentais na área do armamento, incluindo o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, rasgando unilateralmente acordos fundamentais que mantêm a paz no mundo. Eles o fizeram por alguma razão, eles não fazem nada em vão, como vocês sabem.
Finalmente, em dezembro de 2021 enviamos oficialmente para os EUA e a OTAN projetos de acordos sobre garantias de segurança. Mas em todas as posições-chave, que são questões de princípio para nós, basicamente recebemos uma recusa direta. Na época ficou definitivamente claro que tinha sido dado o aval para a implementação de planos agressivos, e eles já não tencionavam parar.
A ameaça foi crescendo a cada dia que passava. As informações que chegavam não deixavam dúvidas de que em fevereiro de 2022 tudo estava pronto para outra ação punitiva sangrenta em Donbass, contra qual, lembro, ainda em 2014 o regime de Kiev jogou artilharia, tanques e aviões.
Todos nos lembramos bem das imagens dos ataques aéreos em Donetsk, conduziam ataques aéreos não só sobre ela, mas também sobre outras cidades. Em 2015, eles tentaram mais uma vez um ataque direto a Donbass, enquanto continuavam o bloqueio, o bombardeio e o terror contra civis. Tudo isto, lembro, contradizia completamente os documentos e resoluções relevantes adotados pelo Conselho de Segurança da ONU, completamente. Todos fingiram que nada estava acontecendo.
Quero repetir: foram eles que começaram a guerra, enquanto nós usamos a força e [a] usamos para a parar.
Aqueles que planejavam um novo ataque a Donetsk, a Donbass, a Lugansk, entendiam claramente que o próximo objetivo era um ataque à Crimeia e Sevastopol, e nós sabíamos e entendíamos isso. Agora esquemas tão abrangentes também estão sendo falados abertamente em Kiev. Foram revelados, revelaram o que já sabíamos muito bem.
Estamos protegendo a vida das pessoas, nossa própria casa, enquanto o objetivo do Ocidente é o poder ilimitado. Ele já gastou mais de US$ 150 bilhões [R$ 775,22 bilhões] para patrocinar e armar o regime de Kiev. Em comparação, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os países do G7 destinaram cerca de US$ 60 bilhões [R$ 310,09 bilhões] para ajudar os países mais pobres do mundo em 2020-2021. É claro, não é mesmo? Para a guerra – 150, e para os países mais pobres, com os quais supostamente se preocupam tanto – 60, e isso com as exigências de obediência conhecidas para os países que recebem o dinheiro. E onde está toda a conversa sobre a redução da pobreza, o desenvolvimento sustentável, o meio ambiente? Para onde foi tudo? Para onde foi tudo isso? Ao mesmo tempo, o fluxo de dinheiro para a guerra não está diminuindo. Não poupam meios para incentivar tumultos e golpes em outros países, mais uma vez, em todo o mundo.
Na recente conferência em Munique, houve acusações intermináveis contra a Rússia. A impressão era que isto foi feito apenas para que todos esquecessem o que o chamado Ocidente tem feito nas últimas décadas. Mas foram eles que "soltaram o gênio da garrafa" e mergulharam regiões inteiras no caos.
Segundo a avaliação dos próprios especialistas americanos, como resultado das guerras, quero chamar a atenção para isto: não fomos nós que inventamos estes números, são os próprios americanos que os dão, as guerras desencadeadas pelos EUA desde 2001 mataram quase 900 mil pessoas, mais de 38 milhões se tornaram refugiados. Agora eles só querem simplesmente apagar tudo isso da memória da humanidade e fingir que isso nunca aconteceu. Mas ninguém no mundo esqueceu e não vai esquecer.
Nenhum deles tem consideração pelas vítimas e tragédias humanas, porque em jogo, é claro, estão trilhões, trilhões de dólares; a capacidade de continuar roubando de todos; sob cobertura das palavras sobre democracia e liberdades, impor valores neoliberais e totalitários por sua natureza; rotular países e povos inteiros, insultar publicamente seus líderes; suprimir a dissidência em seus próprios países; ao criar a imagem do inimigo, distrair a atenção das pessoas dos escândalos de corrupção, afinal vemos tudo isso em nossas telas, dos crescentes problemas econômicos, sociais, interétnicos e contradições domésticos.
Devo lembrar que na década de 30 do século passado o Ocidente realmente abriu o caminho para que os nazistas chegassem ao poder na Alemanha, enquanto no nosso tempo eles começaram a transformar a Ucrânia em uma "anti-Rússia". O projeto não é realmente novo. As pessoas que conhecem um pouco de história sabem muito bem: este projeto tem raízes no século XIX e foi desenvolvido no Império Austro-Húngaro, na Polônia e em outros países com um objetivo: arrancar estes territórios históricos, que hoje são chamados de Ucrânia, do nosso país. É esse o objetivo. Não há nada de novo, nenhuma novidade, estão repetindo tudo.
[...]
Recentemente, uma das brigadas das Forças Armadas da Ucrânia, uma vergonha, vergonha para nós, para eles não, recebeu o nome de Edelweiss, como a divisão de Hitler que participou da deportação de judeus, da execução de prisioneiros de guerra, em operações punitivas contra guerrilheiros na Iugoslávia, Itália, Tchecoslováquia e Grécia. Entre as Forças Armadas da Ucrânia e a Guarda Nacional da Ucrânia são particularmente populares nos uniformes as insígnias de Das Reich, Totenkopf, Galizien e outras unidades da SS, que também têm sangue em suas mãos. Os veículos blindados ucranianos ostentam insígnias da Wehrmacht [Forças Armadas] da Alemanha nazista.
Os neonazistas não fazem segredo de quem são os herdeiros que pensam ser. É surpreendente que ninguém no poder no Ocidente perceba isso. Por quê? Porque eles, perdoem o mau tom, não querem saber nadinha. Eles não se importam em quem apostar na luta contra nós, contra a Rússia. O principal é lutar contra nós, contra nosso país e, portanto, todos podem ser usados. E nós o vimos, nós o vimos acontecer, tanto terroristas, como neonazistas, até um diabinho careca pode ser usado, Deus nos livre, desde que eles façam suas apostas e sirvam como armas contra a Rússia.
O projeto "anti-Rússia" é essencialmente uma parte da política revanchista em relação ao nosso país, para criar focos de instabilidade e conflitos ao lado de nossas fronteiras. Tanto na época, nos anos 30 do século passado, como agora, a ideia é a mesma: dirigir a agressão para o Leste, provocar uma guerra na Europa, eliminar rivais com as mãos de outros.
Não estamos em guerra com o povo da Ucrânia, eu já falei disso muitas vezes. O próprio povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que na verdade ocuparam este país política, militar e economicamente, têm destruído a indústria ucraniana e saqueado seus recursos naturais por décadas. O resultado lógico foi a degradação social, um enorme aumento da pobreza e da desigualdade. E, em tais condições, é claro, é fácil extrair material para operações militares. Ninguém pensou no povo, eles estavam sendo preparados para o abate e, no final, foram transformados em bucha de canhão. É triste, realmente assustador falar sobre isso, mas é um fato.
A responsabilidade pelo incentivo ao conflito ucraniano, à escalada e ao aumento do número de vítimas, é inteiramente das elites ocidentais e, naturalmente, do regime de Kiev de hoje, para o qual o povo ucraniano é essencialmente estranho. O atual regime ucraniano não serve a seus interesses nacionais, mas aos interesses de países terceiros.
O Ocidente está usando a Ucrânia tanto como aríete contra a Rússia quanto como campo de treinamento. Não vou me deter agora nas tentativas do Ocidente de mudar o sentido das hostilidades, dos seus planos de aumentar os suprimentos militares: todos sabem disso muito bem. Mas uma coisa deve ser clara para todos: quanto mais sistemas ocidentais de longo alcance chegarem à Ucrânia, para mais longe seremos forçados a afastar a ameaça de nossas fronteiras. É natural.
As elites do Ocidente não escondem seu objetivo, infligir uma derrota estratégica à Rússia. O que isso significa para nós? Significa acabar conosco de uma vez por todas. Ou seja, eles pretendem transformar o conflito local em um confronto global. É assim que entendemos tudo isso, e vamos responder em conformidade, porque neste caso já se trata da existência do nosso país.
Mas eles também não podem deixar de entender que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha, por isso estão lançando ataques de informação cada vez mais agressivos contra nós. O alvo são, naturalmente, os jovens, as gerações jovens. E aqui, novamente, mentem constantemente, distorcem fatos históricos, não param de atacar nossa cultura, a Igreja Ortodoxa russa, outras organizações religiosas tradicionais do nosso país.
Vejam o que eles fazem com seus próprios povos: a destruição da família, identidade cultural e nacional, perversões, abuso infantil, até mesmo pedofilia, são declarados norma, a norma de suas vidas, enquanto o clero, os sacerdotes, são forçados a abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Deus os abençoe, façam o que quiserem. O que queremos dizer aqui? Os adultos têm o direito de viver como quiserem, nós consideramos assim na Rússia e sempre o consideraremos: ninguém se intromete na vida privada, e nós não tencionamos fazê-lo.
Mas quero dizer-lhes: mas vejam, me perdoem, as escrituras sagradas, os principais livros de todas as outras religiões do mundo. Lá está tudo dito, incluindo que a família é a união de um homem e uma mulher, mas até esses textos sagrados são agora colocados em dúvida. Sabemos que, por exemplo, a Igreja Anglicana está planejando [...] planeja considerar a ideia de um deus neutro em termos de gênero. O que posso dizer? Por amor de Deus, 'não sabem o que fazem'.
Milhões de pessoas no Ocidente entendem que estão sendo levadas a uma verdadeira catástrofe espiritual. As elites, francamente, estão simplesmente ficando loucas, e parece que isso não tem mais cura. Mas estes são problemas deles, como disse, mas nós temos a responsabilidade de proteger os nossos filhos, e vamos fazê-lo: protegeremos os nossos filhos da degradação e degeneração.
É óbvio que o Ocidente tentará abalar e dividir nossa sociedade, apostar nos nacional-traidores, que em todos os tempos, quero enfatizar isso, tiveram o mesmo veneno de desprezo por sua própria Pátria e o desejo de ganhar com a venda desse veneno aos que estão dispostos a pagar por isso. Foi sempre assim.
Aqueles que entraram no caminho da traição direta, cometendo crimes terroristas e outros contra a segurança de nossa sociedade, a integridade territorial do país, serão responsabilizados de acordo com a lei. Mas nunca seremos como o regime de Kiev e as elites ocidentais, que se dedicam e se dedicaram antes à 'caça às bruxas', não vamos acertar contas com aqueles que deram um passo ao lado, renegaram a Pátria. Que isso fique na consciência deles, que eles vivam com isso [...] são eles que vão viver com isso. O principal é que as pessoas, os cidadãos da Rússia, lhes deram uma avaliação moral.
Estou orgulhoso, penso que estamos todos orgulhosos, de que nosso povo multiétnico, a maioria absoluta de cidadãos, tenham tomado uma posição de princípio sobre a operação militar especial, tenham entendido o significado das ações que estamos a fazer, apoiaram nossas ações para proteger o Donbass.
Nesse apoio, sobretudo, manifestou-se o verdadeiro patriotismo, um sentimento que é historicamente característico do nosso povo. Ele fascina por sua dignidade, pela profunda consciência de cada um, sublinho, de cada um, do seu destino indissolúvel com o da Pátria.
Queridos amigos, quero agradecer a todos, a todo povo da Rússia pela coragem e determinação, agradecer aos nossos heróis, soldados e oficiais do Exército e da Marinha, Guarda Nacional, funcionários de serviços especiais e todas as estruturas de segurança, combatentes dos corpos de Donetsk e Lugansk, voluntários, patriotas, que lutam nas fileiras da reserva de combate especial BARS.
Quero apresentar minhas desculpas: sinto muito, não consigo mencionar todos no decorrer do discurso de hoje. Sabem, quando estava preparando este discurso, escrevi uma lista muito longa destas unidades heroicas, mas depois tirei-a do discurso de hoje porque, como disse, não podia nomear toda a gente, e eu tinha medo de magoar aqueles que não nomearia.
Meus cumprimentos aos pais, esposas e familiares dos nossos defensores, aos médicos e paramédicos, aos trabalhadores de saneamento, às enfermeiras que resgatam os feridos, aos trabalhadores ferroviários e motoristas que abastecem a frente, aos operários que constroem fortificações e reconstroem moradias, estradas e instalações civis, aos trabalhadores e engenheiros das fábricas de defesa, que agora trabalham quase 24 horas por dia, em alguns turnos, aos trabalhadores rurais, que fornecem segurança alimentar confiável do país.
Agradeço aos professores que se preocupam sinceramente com as gerações mais jovens da Rússia, especialmente os professores que trabalham nas condições mais difíceis, na verdade, [nas condições] da linha de frente; às personalidades da cultura, que visitam a zona de guerra, aos hospitais de apoio a soldados e oficiais, aos voluntários que ajudam o front e civis; aos jornalistas, sobretudo, claro, aos correspondentes de guerra, que assumem riscos na linha de frente para dizer a verdade ao mundo; aos pastores das religiões tradicionais russas e sacerdotes militares, cujas sábias palavras apoiam e inspiram o povo; aos funcionários públicos e empresários, todos aqueles que realizam seus deveres profissionais, civis e humanos simples.
Palavras especiais aos cidadãos das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporozhie. Vocês mesmos, queridos amigos, decidiram o seu próprio futuro nos referendos, fizeram uma escolha firme apesar das ameaças e do terror dos neonazistas, em um ambiente onde a ação militar estava muito próxima, mas não havia nada mais forte do que a determinação de vocês em estar com a Rússia, com sua terra natal.
Quero enfatizar que esta é a reação das pessoas que estão neste salão aos moradores das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporozhie. Mais uma vez: reverência para todos vocês.
Já começamos e continuaremos a construir, um programa em larga escala para a recuperação socioeconômica e o desenvolvimento destas novas entidades federativas. Estamos a falar de relançar as empresas e os postos de trabalho, os portos do mar de Azov, que novamente se tornou um mar interno da Rússia, para construir novas estradas modernas, como fizemos na Crimeia, que agora tem uma ligação terrestre fiável com toda a Rússia. Com certeza implementaremos todos esses planos juntos.
Hoje, as regiões do país fornecem apoio direto a cidades, distritos e aldeias das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporozhie, fazendo-o com sinceridade, como verdadeiros irmãos e irmãs.
Agora estamos juntos de novo, o que significa que nos tornamos ainda mais fortes. E faremos tudo para que a tão esperada paz volte às nossas terras. Nossos heróis estão lutando por isso, por nossos ancestrais, pelo futuro dos filhos e netos, pela restauração da justiça histórica e pela reunificação de nosso povo.
Queridos amigos, peço a vocês que prestem homenagem à memória dos nossos camaradas de luta, que deram a vida pela Rússia e pelos civis, idosos, mulheres e crianças que morreram sob o bombardeio dos neonazistas e dos castigadores.
[...]
Prezados colegas!
Como todos sabem, um plano de construção e desenvolvimento das Forças Armadas para 2021-2025 foi aprovado por um decreto presidencial. O trabalho para sua realização está em curso, os ajustes necessários estão sendo feitos. Quero destacar que na base de nossos passos seguintes de fortalecimento do Exército e da Marinha e de desenvolvimento atual e futuro das Forças Armadas deve estar, com certeza, a experiência ganha durante a operação militar especial. É muito importante para nós, podemos dizer ainda que é inestimável.
Por exemplo, agora o nível de armamento das forças de dissuasão nuclear com os sistemas mais modernos é de mais de 91%, é de 91,3%. Mas agora, vou repetir, levando em consideração a experiência, atingiremos o mesmo alto nível de qualidade em todas as partes das Forças Armadas.
Os oficiais e sargentos que se mostraram como os comandantes mais competentes, modernos e decididos, há muitas pessoas assim, serão promovidos prioritariamente para os cargos mais altos, enviados para os institutos militares, academias e servirão de forte reserva de pessoal para as Forças Armadas. E claro que serão precisos na vida civil e em todos os níveis governamentais. Eu apenas quero chamar atenção dos colegas para isso. É muito importante. As pessoas devem entender que a Pátria aprecia sua contribuição para a proteção da Pátria.
Vamos introduzir ativamente as tecnologias avançadas que garantirão o aumento do potencial de qualidade do Exército e da Marinha. Temos tais desenvolvimentos, os exemplos de armas e equipamento bélico em cada categoria. Muitos deles excedem significativamente em suas características os análogos estrangeiros. Nosso objetivo é criar produção em série deles. Esse trabalho está em curso, o ritmo dele aumenta constantemente, com nossa própria base de ciência e indústria através de participação das pequenas e médias empresas de alta tecnologia na realização da ordem de defesa do Estado.
[...]
Prezados colegas!
Como eu já disse, o Ocidente se voltou contra nós não apenas no front militar e informacional, mas também no econômico. Mas em nenhum lugar conseguiu ou conseguirá qualquer coisa. Além disso, os autores das sanções estão se punindo: provocaram nos seus próprios países aumento dos preços, perdas de postos de trabalho, fechamento de empresas, crise energética, e os seus cidadãos estão dizendo, estamos ouvindo, que os russos são os culpados de tudo.
Quais recursos foram usados contra nós nesta agressão de sanções? Tentaram cortar os laços econômicos com as empresas russas, desconectar o sistema financeiro dos canais de comunicação, esmagar nossa economia, privar-nos do acesso aos mercados de exportação e atingir as receitas. Isso e o roubo, de outra maneira para não dizer, de nossas reservas brutas, tentando colapsar o rublo e provocar uma inflação destrutiva.
As sanções antirrussas são apenas um meio, mas o objetivo como os próprios líderes ocidentais declaram, é uma citação direta, é fazer nossos cidadãos sofrer, fazer sofrer. São esses tipos de humanistas. Eles querem fazer o povo sofrer, e assim desestabilizar nossa sociedade por dentro.
Mas os cálculos deles falharam. A economia e o sistema de gestão russos são muito mais fortes do que o Ocidente acreditava. Graças ao trabalho conjunto do governo, do parlamento do país, do banco da Rússia, das entidades da Federação e, naturalmente, da comunidade empresarial e dos coletivos de trabalhadores, asseguramos a estabilidade da situação econômica, protegemos os cidadãos, mantivemos os postos de trabalho, não permitimos um déficit no mercado, incluindo bens essenciais, e apoiamos o sistema financeiro e os empresários que investem no desenvolvimento de seus negócios e, portanto, no desenvolvimento do país.
[...]
Caros colegas!
A Rússia é um país aberto e, ao mesmo tempo, uma civilização original. Não há qualquer pretensão de exclusividade e supremacia nesta afirmação, mas esta civilização é nossa, isso é o principal. Ela nos foi transmitida por nossos antepassados, e temos que preservá-la para nossos descendentes e passá-la adiante.
Desenvolveremos cooperação com os amigos, com todos aqueles que estão prontos para trabalhar juntos, adotaremos o melhor de tudo, mas antes de mais contaremos com nosso próprio potencial, com a energia criativa da sociedade russa, com nossas tradições e valores.
E aqui gostaria de falar sobre o caráter do nosso povo: ele sempre se distinguiu pela generosidade, bondade da alma, misericórdia e compaixão, e a Rússia, como país, reflete plenamente estes traços em si mesma. Sabemos ser amigos, manter nossa palavra, nunca decepcionar ninguém e apoiar sempre em uma situação difícil, e nunca hesitamos em ajudar aqueles que estão em apuros.
Todos se lembram como, durante a pandemia, fomos os primeiros, de fato, a apoiar alguns países europeus, incluindo a Itália [e] outros Estados, durante as semanas mais difíceis do surto da COVID-19. Não nos esqueçamos também de como ajudamos com o terremoto na Síria, na Turquia.
É precisamente o povo da Rússia que é a base da soberania do país, a fonte do poder. Os direitos e liberdades de nossos cidadãos são invioláveis, são garantidos pela Constituição e, apesar dos desafios e ameaças externas, não os cederemos.
A esse respeito, quero sublinhar que tanto as eleições locais e regionais em setembro deste ano como as eleições presidenciais de 2024 serão realizadas em estrito cumprimento da lei e em conformidade com todos os procedimentos democráticos e constitucionais.
As eleições representam sempre abordagens diferentes para a solução de problemas sociais e econômicos. Ao mesmo tempo, as principais forças políticas estão consolidadas e unidas no principal, e o principal, fundamental para todos nós, é a segurança e o bem-estar de nosso povo, a soberania e os interesses nacionais.
Quero agradecer a vocês esta postura responsável e firme e lembrar as palavras do patriota e estadista Pyotr Arkadievich Stolypin, que foram ditas na Duma há mais de cem anos, mas que são muito relevantes para o nosso tempo. Ele disse: "Na causa da defesa da Rússia, devemos unir tudo, coordenar nossos esforços, nossos deveres e nossos direitos para manter um direito histórico supremo, o direito da Rússia de ser forte."
Entre os voluntários que estão agora na linha de frente há membros da Duma de Estado e dos parlamentos regionais, representantes das autoridades executivas de vários níveis, municípios, cidades, distritos e localidades rurais. Todos os partidos parlamentares e principais associações públicas estão participando da coleta de cargas humanitárias, ajudando a frente de batalha.
Mais uma vez obrigado, obrigado por esta postura patriótica.
O autogoverno local, o nível de autoridade pública mais próximo do povo, desempenha um enorme papel no fortalecimento da sociedade civil e na resolução dos problemas cotidianos. A confiança no Estado como um todo, o bem-estar social dos cidadãos e sua confiança no desenvolvimento bem-sucedido de todo o país dependem em grande parte de seu trabalho.
[...]
E agora mais algumas palavras sobre o que está acontecendo ao nosso redor.
Prezados colegas, gostaria de focar mais um outro tema.
No início de fevereiro deste ano, houve uma declaração da OTAN com uma exigência de que a Rússia voltasse a cumprir o acordo sobre armas estratégicas [...] incluindo a permissão de inspeções em nossas infraestruturas de defesa e nucleares. Nem sei como definir isso: é um teatro do absurdo.
Nós sabemos que o Ocidente está diretamente relacionado com as tentativas do regime de Kiev de realizar ataques contra nossas bases aéreas estratégicas. Os drones usados para isso foram equipados e modernizados com ajuda dos especialistas da OTAN. E agora eles querem também inspecionar nossas instalações de defesa? Nas condições dos confrontos de hoje, isso soa simplesmente como algum tipo de absurdo.
Ao mesmo tempo, sublinho este ponto, não nos deixam fazer inspeções completas no âmbito deste tratado. Nossos repetidos pedidos de inspeção de certas instalações permanecem sem resposta ou são rejeitados por motivos formais, e não podemos realmente verificar nada do outro lado.
Gostaria de enfatizar que os EUA e a OTAN dizem claramente que seu objetivo é derrotar a Rússia estrategicamente. Então, e depois disso eles pretendem andar por aí em nossas instalações de defesa, incluindo as mais recentes? Há uma semana, por exemplo, assinei um decreto sobre a implantação de novos sistemas estratégicos terrestres. Eles também vão meter o nariz aí? E eles acham que é tão simples assim [...] que nós os vamos simplesmente deixar entrar?
Após seu anúncio coletivo, a OTAN fez de fato uma demanda para se tornar parte do Tratado de Redução de Armas Estratégicas. Nós concordamos com isso, por favor. Mais que isso, acreditamos que a colocação dessa questão já era necessária há muito tempo. Pois na OTAN não há apenas uma potência nuclear, os EUA, também há os arsenais do Reino Unido e da França. Eles estão sendo desenvolvidos e aprimorados. E também são direcionados contra nós, eles também são direcionados contra a Rússia. As últimas declarações de seus líderes apenas confirmam isso – ouçam.
Simplesmente não podemos e não devemos ignorar isto, especialmente hoje, nem podemos ignorar o fato de que o primeiro Tratado de Redução de Armas Estratégicas [START I] foi originalmente concluído pela União Soviética e pelos Estados Unidos em 1991 em uma situação fundamentalmente diferente: uma situação em que havia menos tensão e mais confiança mútua. Mais tarde, nossas relações atingiram um nível tal em que a Rússia e os Estados Unidos declararam que não se consideravam mais adversários. Excelente, estava tudo correndo muito bem.
O tratado em vigor de 2010 contém disposições cruciais sobre a indivisibilidade da segurança, sobre a ligação direta entre as armas estratégicas ofensivas e defensivas. Tudo isso há muito foi esquecido, os EUA se retiraram do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos, como você sabe, tudo está no passado. Nossas relações, o que é muito importante, deterioraram-se, e isso é inteiramente do "crédito" dos Estados Unidos.
Foram eles, após o colapso da União Soviética, que começaram a rever os resultados da Segunda Guerra Mundial e a construir um mundo ao estilo americano, onde existe apenas um mestre. Para fazer isso, eles começaram a destruir descaradamente todos os fundamentos da ordem mundial pós-Segunda Guerra Mundial, a fim de negar o legado tanto de Ialta quanto de Potsdam. Passo a passo, eles começaram a rever a ordem mundial estabelecida, desmontaram os sistemas de segurança e controle de armas, [e] planejaram e implementaram toda uma série de guerras ao redor do mundo.
E tudo, repito, com um objetivo em mente: quebrar a arquitetura das relações internacionais do pós-Segunda Guerra Mundial. Não se trata de uma figura de estilo, é assim que acontece na prática, na vida: após o colapso da URSS, eles querem fixar seu domínio global para sempre, sem levar em conta os interesses da Rússia moderna e também os interesses de outros países.
Naturalmente, a situação no mundo depois de 1945 mudou. Novos centros de desenvolvimento e influência se formaram e estão se desenvolvendo rapidamente. É um processo natural e objetivo que não pode ser ignorado. Mas é inaceitável que os Estados Unidos tenham começado a remodelar a ordem mundial apenas para si mesmos, exclusivamente no seu próprio interesse egoísta.
Agora eles estão enviando sinais através dos representantes da OTAN e, na prática, estão dando um ultimato: vocês, Rússia, façam tudo o que concordaram, inclusive o Tratado START, incondicionalmente, enquanto nós nos comportaremos como quisermos. Como se não houvesse ligação entre a questão START e, digamos, o conflito na Ucrânia e outras ações hostis do Ocidente contra nosso país, e como se não houvesse declarações estrondosas de que eles querem nos infligir uma derrota estratégica. Este é o cúmulo da hipocrisia e do cinismo ou o cúmulo da estupidez, mas não se pode chamá-los de idiotas, afinal de contas, eles não são pessoas estúpidas. Eles querem nos derrotar estrategicamente e estão tentando tocar nas nossas instalações nucleares.
Com isto, sou forçado a dizer hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas. Repito: a Rússia não está se retirando do tratado, não, está suspendendo sua participação. Mas antes de voltarmos a discutir esta questão, devemos entender por nós mesmos o que tais países da aliança do Atlântico Norte como a França e o Reino Unido reivindicam, e como levaremos em conta seus arsenais estratégicos, ou seja, o potencial de ataque agregado da aliança.
Eles agora, por sua declaração, fizeram essencialmente uma proposta de participação neste processo. Graças a Deus, muito bem, nós não estamos contra, mas não há necessidade de tentar novamente mentir para todo mundo e fingir ser campeões da paz e do desanuviamento. Conhecemos todas as bases: sabemos que a garantia expira para alguns tipos de ogivas nucleares dos Estados Unidos. Neste contexto, sabemos que algumas pessoas em Washington estão pensando em possíveis testes naturais de suas armas nucleares, levando em conta o fato de que os EUA estão desenvolvendo novos tipos de ogivas nucleares. Existe tal informação.
Nesta situação, o Ministério da Defesa da Rússia e a [empresa estatal russa] Rosatom devem garantir a prontidão para testar as armas nucleares russas. É claro que não seremos os primeiros a fazer isso, mas se os EUA as testarem, nós também o faremos. Ninguém deve ter ilusões perigosas de que a paridade estratégica global pode ser destruída.
Caros colegas! Caros cidadãos da Rússia!
Hoje, estamos atravessando juntos um caminho complexo e difícil, e superando todas as dificuldades juntos. Não poderia ser de outra forma, porque fomos criados a exemplo de nossos grandes antepassados, e temos o dever de ser dignos de seus legados, que são passados de geração em geração. Só vamos adiante graças à devoção à Pátria, à vontade e nossa unidade.
Esta unidade se manifestou literalmente desde os primeiros dias da operação militar especial: centenas de voluntários, representantes de todos os povos de nosso país, vieram aos pontos de recrutamento militar, decidiram ficar ao lado dos defensores de Donbass e lutar pela terra natal, pela Pátria, pela verdade e justiça. Soldados de todas as regiões de nossa Pátria multinacional estão neste momento lutando ombro a ombro na linha de frente. Suas orações estão em diferentes idiomas, mas todas elas são pela vitória, por seus camaradas de luta, pela Pátria.
Seu trabalho duro, pesado, suas façanhas, repercutem fortemente em toda a Rússia. As pessoas apoiam nossos combatentes, elas não querem, não podem ficar longe. A frente está agora passando por milhares de corações do nosso povo, estão enviando para a vanguarda medicamentos, equipamentos de comunicação, transporte, roupas quentes, redes de camuflagem, e assim por diante: tudo o que ajuda a manter nossos rapazes vivos.
Eu sei como as cartas das crianças, das crianças em idade escolar, aquecem os soldados da linha de frente. Eles as tomam como a coisa mais querida em combate, porque a sinceridade e a pureza dos desejos das crianças os tocam até as lágrimas. Elas [as crianças] fazem os soldados perceberem pelo que estão lutando, e quem estão protegendo.
O cuidado com que os voluntários rodeiam os guerreiros e suas famílias, os civis, também é muito importante para eles. Desde o início da operação especial, eles agiram com coragem e determinação: sob fogo e bombardeios, levaram crianças, idosos, todos em perigo dos porões, entregavam comida, água, roupas para os pontos quentes, e ainda o fazem, montam centros de ajuda humanitária para refugiados, ajudam nos hospitais de campo e na linha de contato, arriscando-se, salvando e continuam salvando outros.
Só a Frente Popular já coletou mais de cinco bilhões de rublos [R$ 344,88 milhões] no âmbito da iniciativa "Tudo pela Vitória!". Este fluxo de doações é constante. A contribuição de todos é igualmente importante aqui: tanto de grandes empresas como empresários, mas é especialmente tocante e inspirador quando pessoas com rendimentos modestos transferem parte de suas economias, salários e pensões. Tal unidade para ajudar nossos guerreiros, civis na zona de guerra e refugiados vale muito.
Obrigado por este sincero apoio, unidade e apoio mútuo. Eles não podem ser exagerados.
A Rússia estará à altura de qualquer desafio, porque somos todos um só país, um só povo grande e unido. Estamos seguros de nós mesmos, estamos certos de nossos pontos fortes. A verdade é nossa.
Obrigado.