Por exemplo, na África, observa o autor. Em março do ano passado, 25 dos 54 Estados africanos se abstiveram ou não votaram em uma moção da Organização das Nações Unidas (ONU) condenando a invasão, apesar da enorme pressão das potências ocidentais. Sua recusa em se aliar claramente à Ucrânia foi um testemunho dos esforços diplomáticos em curso da Rússia no mundo em desenvolvimento.
Depois, há os países do Norte da África, que ajudaram a Rússia a compensar o efeito econômico das sanções ocidentais. Marrocos, Tunísia, Argélia e Egito importaram no ano passado diesel russo e outros óleos refinados, além de produtos químicos.
Outro bom exemplo é a China. A relação entre a Rússia e a China será sempre complicada, mas a invasão da Ucrânia e a resposta do Ocidente criaram enormes oportunidades para a cooperação biliteral. O que os une é uma ênfase compartilhada na importância da estabilidade e na disseminação da ideia de que é o Ocidente que é destrutivo, imprevisível e volátil, marca Peter Frankopan.
Segundo o autor, Vladimir Putin está deliberadamente cultivando esta aliança de nações que se sentem vítimas do imperialismo ocidental e a colocar a Rússia em cima. O Ocidente quer ver a Rússia "como uma colônia", disse ele em setembro, "eles não querem cooperação igual, eles querem nos roubar".
Moscou se apresenta como um bastião de estabilidade em um mundo enlouquecido, mesmo que procure enlouquecer o mundo; sua propaganda é apoiada pela política e pelo comércio, com petróleo, gás, metais e culturas agrícolas sendo usados como tentações para o jogo russo, explica o autor.
Frankopan afirmou que a ideia de que são os Estados Unidos e seus aliados que são as fontes de ruptura global e instabilidade tem influência.
Os contratempos no Afeganistão e a ideia de que a guerra ucraniana aconteceu devido à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) alimentaram a narrativa, e até simpatia pela ideia, de que Putin está simplesmente se levantando contra o Ocidente, enfatizou ele.