"Há declarações específicas [de autoridades dos EUA e de países europeus], do tipo 'temos que derrotar a Rússia' ou 'temos que debilitar a Rússia' [...]. Agora, dentro da concepção de que a Rússia errou, a nossa posição é a de fazer com que os países conversem. A guerra não é uma solução nem para a Rússia nem para a Ucrânia. Essa é a questão do Brasil. Apenas trabalhar para fortalecer militarmente um lado [o que tem sido feito por EUA e países europeus], ou para, digamos, impor sanções ao outro, não se contribui para a paz. Não se contribui para a conversa, não se cria um clima favorável à busca de negociações. E [essas autoridades] acabam, voluntária ou involuntariamente, contribuindo para o prolongamento da guerra."
"Eu acho que é uma visão diferente, sim, da visão brasileira. É uma diferença de visão no seguinte sentido: nós queremos um mundo equilibrado e multipolar, porque é o que mais interessa ao Brasil. Claro que o Brasil, ele próprio, não vai ter força para criar esse mundo. Mas ele pode contribuir para um mundo que não esteja dividido em uma 'Guerra Fria', entre os bons e os maus. [...] Em muitas coisas, os Estados Unidos são um parceiro excelente do Brasil. [...] A atitude positiva do governo Biden em relação ao processo eleitoral no Brasil, nós reconhecemos. Agora, isso não nos obriga a ter que seguir todas as opiniões que eles têm. A gente pode divergir, como divergimos em outras coisas, em negociações comerciais e em outras questões. Os países têm interesses, e para o Brasil não é interessante uma Guerra Fria."