Segundo o ex-editor-chefe do jornal chinês Global Times, Hu Xijin, o objetivo real era minar a confiança da sociedade russa na vitória antes do feriado que se aproxima.
"Em minha opinião preliminar, o objetivo real dessa ação não era cometer um assassinato com sucesso, isso não é tão importante, mas criar um choque, para atrapalhar o desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha de Moscou, em 9 de maio", escreveu Xijin.
Segundo ele, após o início do conflito, a Rússia atingiu somente importantes infraestruturas e centros de comando ucranianos, mas nunca realizou ataques aéreos contra o Gabinete do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky.
"Quando a Rússia e a Ucrânia começarem a atacar abertamente os gabinetes dos presidentes uma da outra, quando a eliminação dos presidentes se tornar um dos meios de confronto, isso significará que o conflito entrou em uma fase mais incontrolável, que se tornará ainda mais difícil e que as baixas de ambos os lados vão aumentar", afirma o ex-editor-chefe.
Outro especialista, Liu Hong, editor-chefe adjunto da revista Global, da agência Xinhua, acha que o ataque de drones ao Kremlin ultrapassa todos os limites.
"Esse ataque ao Kremlin é um sinal muito ruim de que algumas linhas vermelhas foram ultrapassadas e que uma série de batalhas sangrentas foi iniciada", disse ele na rede social chinesa WeChat.
Como lembra o especialista, Moscou descreveu o ataque como uma tentativa de assassinar o presidente Vladimir Putin, mas acha que a probabilidade de os ataques de Kiev ao chefe de Estado serem bem-sucedidos era muito baixa.
Liu Hong concorda com a opinião de que a ação tinha como objetivo principal o impacto psicológico na sociedade russa na véspera do feriado nacional e não um alvo militar.
O analista está convencido de que, embora o lado ucraniano não admita ter realizado ataques no território russo, haverá cada vez mais bombardeios e esse ataque provavelmente não vai ser o último.
Na quarta-feira (3), o serviço de imprensa do Kremlin informou que a Ucrânia tentou atacar a residência do presidente Vladimir Putin no Kremlin com dois drones.
Os militares e os serviços de segurança conseguiram desativá-los usando sistemas de controle de radar. O chefe de Estado não foi ferido na tentativa de ataque, uma vez que não estava no Kremlin, e sua agenda de trabalho permaneceu inalterada.
O Kremlin classificou o ataque à residência do presidente como um ato de terrorismo e um atentado contra sua vida, enfatizando que Moscou se reserva o direito de retaliar onde e quando achar necessário.