Panorama internacional

Após golpe no Níger, EUA temem arco de países antiamericanos e novas revoltas na África, diz mídia

A violência no Sahel tem aumentado nos últimos anos, e vários países da região têm sido vítimas de golpes militares, havendo agora a possibilidade de as forças dos EUA não serem bem-vindas no Níger.
Sputnik
O golpe militar no Níger "derrubou o último dominó" em um grupo de países africanos, desde a Guiné, no extremo oeste do continente, até o Sudão, no extremo leste, que agora são controlados por golpistas, noticiou no sábado (29) o The New York Times (NYT).
O jornal considera o presidente nigerense Mohamed Bazoum, que foi derrubado, um aliado dos EUA eleito democraticamente, e as consequências do golpe, uma ameaça à luta americana contra os regimes pró-islamistas na África.
"Para os Estados Unidos e seus aliados, o golpe levantou questões urgentes sobre a luta contra os militantes islâmicos no Sahel, uma vasta região semiárida onde grupos ligados à Al-Qaeda e ao Daesh [ambas organizações consideradas extremistas e proibidas na Rússia] estão ganhando força em um ritmo alarmante", disse a mídia.
Como observa o NYT, as imagens do golpe em Niamey, a capital do Níger, onde os manifestantes agitaram bandeiras russas, representam cenas semelhantes às durante o golpe na vizinha Burkina Faso, embora elas, junto com os golpes na Guiné e Mali, tenham tido motivos diferentes.
Panorama internacional
Chefe da Defesa italiano vê chance de 'Rússia e China explorarem África como Europa fez há 100 anos'
O artigo nota que a presença das bandeiras não significa que o Kremlin esteja por trás das ações dos rebeldes, mas "simboliza como a Rússia se posicionou nos últimos anos como portadora de um sentimento antiocidental e especialmente antifrancês em partes da África".
O Níger, com pelo menos 1.100 militares e duas bases de drones que custaram US$ 110 milhões (R$ 520,45 milhões), era considerada uma "pedra angular" para os EUA. O NYT avalia que se a junta chegar ao poder, os americanos poderão ser convidados a deixar o país e "abrir as portas" para a Rússia.
O golpe foi condenado pela União Africana, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e a União Europeia, que instaram ao retorno ao poder do presidente Bazoum, enquanto Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, advertiu, junto com a UE, que o apoio econômico ao país cessará caso o golpe de Estado não seja invertido. A Rússia, por sua parte, também criticou o evento e instou as partes a não usarem a força.
Segundo o Instituto para a Economia e a Paz, o Sahel tem sido o epicentro da violência jihadista nos últimos anos, ultrapassando o Oriente Médio e o Sul da Ásia, representando 43% de tais mortes em 2022, em comparação com 1% em 2007.
Comentar