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Intervenção da África Ocidental no Níger não levará a um rápido sucesso, opina especialista

Os países da África Ocidental terão dificuldade em alcançar um sucesso rápido no Níger, no caso de uma possível intervenção militar, que ameaçaria a integridade do presidente derrubado e dos membros do governo, disse à Sputnik Tadjadine Beshir Niam, o chefe do Escritório de Relações Exteriores da Universidade Internacional Africana.
Sputnik
Na quinta-feira (10), a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) incumbiu o Comitê de Chefes de Estados-Maiores de seus países-membros de ativar imediatamente as forças de reserva para restaurar a ordem constitucional no Níger.
Por sua vez, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse que os líderes regionais concordaram em lançar a operação o mais rápido possível. De acordo com Ouattara, a Costa do Marfim fornecerá um batalhão de entre 850 e 1.100 homens. Eles serão acompanhados por soldados da Nigéria e do Benin.

"Todos os sinais significativos apontam para a impossibilidade ou extrema complexidade de uma intervenção militar no Níger, defendida por vários Estados-membros da CEDEAO, apoiados pela França, no contexto da divisão entre os membros da CEDEAO, quando países como Mali e Burkina Faso não só rejeitam tal cenário, mas também estão prontos para prestar assistência militar aos golpistas, enquanto o Chade simplesmente não apoia a intervenção militar", disse ele.

Além disso, especialista em assuntos internacionais e diplomacia apontou que a comunidade internacional também não é unânime: a França e a União Europeia apoiam a invasão, enquanto, por exemplo, os EUA falam sobre um retorno ao regime constitucional no Níger sem escalar a situação e nem sequer chamaram os eventos de golpe.
Ao mesmo tempo, segundo ele, desde o início da rebelião a situação no país mudou a favor de seus organizadores, e seu apoio popular aumentou.

"Por todas estas razões, se os países da região invadirem o Níger militarmente, será difícil para eles alcançar uma vitória rápida no curto prazo, a maioria dos países da CEDEAO não enviará suas tropas para o Níger e não apoiará a operação logisticamente, portanto, a principal tarefa no plano militar recairá sobre os ombros da Nigéria e o financiamento – sobre os ombros da França", acrescentou.

Na Nigéria, no entanto, disse ele, a reação pública à decisão de invadir o Níger militarmente pode ser negativa, e as tentativas de desafiar a opinião do povo podem provocar a saída das pessoas às ruas.
Assim, a atitude negativa dos países francófonos da África em relação à França vai crescer. Além disso, o especialista acredita que a decisão de invadir "é extremamente perigosa para o presidente deposto Mohamed Bazoum e os ex-membros do governo, cujas vidas podem estar em risco".
Em vez de uma solução militar para a situação em torno do Níger, o estudioso considera mais razoável conseguir, sob promessa do levantamento das sanções econômicas e da prestação de assistência, que os militares no poder liberem os políticos e prometam preparar e realizar eleições dentro de um ano.
Em julho (27), em um comunicado aos moradores do Níger, um grupo de militares anunciou o fim do governo do presidente Mohamed Bazoum. A afirmação deles se deu horas após o palácio presidencial ter sido cercado. Os militares justificaram a derrubada de Bazoum afirmando que durante seu governo a situação ao redor da segurança no país piorou, assim como a economia e o bem-estar social.
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