Cúpula do BRICS 2023

Contrário do Ocidente, BRICS não vê arena mundial como jogo de soma zero, diz especialista

Uma especialista que falou à Sputnik manifestou a ideia de que o BRICS está agindo e deve ser entendido como uma organização multilateral e inclusiva, que dá oportunidades e não se posiciona contra outros países.
Sputnik
O BRICS tem se mostrado ao longo dos anos como uma fonte de oportunidades e de crescimento cada vez maior para os países em desenvolvimento pelo mundo afora, em meio às atuais instituições mundiais altamente centradas nos países ocidentais.
Anuradha Chenoy, professora aposentada e reitora da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Deli, Índia, discutiu os últimos acontecimentos com a Sputnik. Sobre a questão se o BRICS dever ou não ser considerado um "contrapeso para o Ocidente", ela respondeu negativamente.
"O BRICS não acredita que a geopolítica seja um jogo de soma zero em que o desenvolvimento econômico ou a segurança de alguns Estados se torne uma ameaça para outros. O BRICS não se posiciona contra o Ocidente, mas, ao contrário, apoia um sistema multipolar que incentive a coexistência de diferentes ideias, sistemas e instituições. É o Ocidente que tem alianças militares exclusivas que desenvolvem narrativas contra qualquer 'outro' que eles entendam como uma ameaça. O BRICS não tem essa agenda."
Segundo ela, o agrupamento defende "a não intervenção e a oposição a medidas econômicas coercivas" para facilitar o comércio e o desenvolvimento, e garantir a segurança, que diz serem princípio fundamentais apoiados por grande parte do Sul Global. O BRICS também não é nem pretende ser um bloco militar, tendo a aspiração de "segurança coletiva" no novo mundo multipolar, para assegurar os fatores já referidos.
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"O Ocidente claramente se opõe a vários desses princípios", sublinhou Chenoy.
A acadêmica mencionou que o BRICS segue ganhando popularidade entre muitos países, e a ideia de "desdolarização" tem mais a ver com a promoção dos interesses nacionais de seus países do que com uma tentativa de oposição aos EUA.
"O BRICS incentiva o comércio em moedas nacionais e a criação de uma reserva contingente em suas moedas nacionais. O BRICS criou o Novo Banco de Desenvolvimento que concede empréstimos em moedas nacionais em uma determinada porcentagem. Esse é um pequeno passo. Muitos países do BRICS estão fazendo comércio entre si e com outros países fora do BRICS em suas moedas nacionais. Essa tendência está aumentando", sublinhou a especialista.
"Mas, à medida que mais e mais comércio ocorrer fora da zona do dólar, as moedas alternativas aumentarão, pois o dólar pode perder o tipo de domínio que tem atualmente. Um sistema monetário global de várias moedas combina com o sistema de multipolaridade", concluiu.
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