O fato de que o presidente da Ucrânia está implorando aos países ocidentais que vasculhem em seus armazéns por estoques restantes de armas da era soviética para a defesa antiaérea é um sinal de que a há muito anunciada contraofensiva de Kiev está falhando, disse à Sputnik Andrei Koshkin, acadêmico russo especializado em assuntos militares e internacionais.
Em uma mudança de retórica, depois de elogiar os
sistemas da defesa antiaérea "eficazes" dos EUA e da Alemanha – o Patriot e o IRIS-T, respectivamente – fornecidos a Kiev como parte da assistência militar do Ocidente à Ucrânia, Zelensky recentemente pediu mais mísseis para os sistemas antiaéreos da era soviética.
A Ucrânia precisa de mísseis adicionais para "equipamento soviético obsoleto, mas ainda eficaz. Temos alguns desses sistemas, mas a escassez de mísseis é um fato", afirmou o líder ucraniano durante uma coletiva de imprensa após conversações em Kiev com o premiê norueguês Jonas Gahr Store.
A segunda coisa a ter em mente, acrescentou Koshkin, é que a quantidade de armas ocidentais fornecidas ficou aquém das expectativas das Forças Armadas da Ucrânia e, especialmente, de Zelensky.
Não é coincidência que o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse na primavera europeia que os EUA tinham dado à Ucrânia quase 100% da ajuda militar que tinha pedido para a sua contraofensiva, acrescentando que Washington "entregou quase tudo naquela lista". Essa foi uma evidência clara de "transferência de responsabilidade pelo fracasso da contraofensiva para as Forças Armadas da Ucrânia", disse o acadêmico russo.
De acordo com o especialista em assuntos militares e internacionais, Zelensky passou por um momento de verificação da realidade e percebeu que precisa de mísseis da era soviética. "Apostar no Ocidente acabou por não ser muito confiável, porque eles fornecem muito pouco, e suas armas muitas vezes não são nada em comparação com as nossas", sublinhou Koshkin.