De acordo com o The Guardian, Washington e Kiev devem passar por um constrangimento público no aguardado livro "O último político: por dentro da Casa Branca de Joe Biden e a luta pelo futuro da América" de Franklin Foer, no qual ele conta, dentre outras coisas, que o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, "levou bomba" em sua primeira reunião no Salão Oval com o presidente dos EUA, Joe Biden.
"Até os mais fervorosos simpatizantes de Zelensky na administração [Biden] concordaram que ele tinha fracassado", escreve Franklin Foer sobre a reunião de setembro de 2021.
O livro não utiliza citações diretas nem cita fontes ao relatar a reunião Biden-Zelensky de 1 de setembro, mas segundo sua editora, Penguin Random House, afirma que o livro se baseia no "acesso sem paralelo ao estreito círculo interno de conselheiros que cercam Biden há décadas".
Desde que foi eleito em 2019, o presidente ucraniano alega ter sofrido pressões da Rússia e teria buscado apoio dos EUA para lidar com a questão, mas o ex-presidente Donald Trump teria se recusado encontrar com Zelensky.
Foer afirma que Zelensky nutriu "ressentimentos remanescentes do episódio" e "pelo menos inconscientemente [...] parecia culpar" Biden, o sucessor de Trump no Salão Oval, "pela humilhação que sofreu, pela estranheza política que suportou".
Ainda segundo a mídia, o autor afirma em seu livro que Zelensky considerava Biden fraco, especialmente quando renunciou às sanções ao Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) — o gasoduto para a Alemanha — contrariando os interesses de Zelensky que considerava o projeto do setor energético uma ameaça aos interesses econômicos e de segurança da Ucrânia.
Ainda de acordo com o livro, Biden teria "feito pouco" de Zelensky porque ele teria feito contato com o senador republicano de extrema direita do Texas, Ted Cruz, sobre a decisão do Nord Stream.
Em um trecho sobre a reunião, o autor conta que Biden esperava por expressões de gratidão pelo apoio dos EUA à Kiev, porém Zelensky "recheou suas conversas com uma longa lista de exigências". A principal delas: "Ele precisava se juntar à OTAN".
Naquela ocasião, Biden tinha então 78 anos e Zelensky 43. Foer argumenta que Biden "tentou transmitir alguma sabedoria que pudesse moderar o entusiasmo do homem mais jovem", notando inclusive que não existia então apoio suficiente para a Ucrânia aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"A frustração de Zelensky obstruiu sua capacidade de lógica. Depois de implorar para se juntar à OTAN, começou a dar sermões de que a organização é, na verdade, uma relíquia histórica, com significado cada vez menor. Ele disse a Biden que a França e a Alemanha iriam sair da Aliança Atlântica", conta Foer dizendo que "foi uma análise absurda – e uma contradição flagrante. E isso irritou Biden".