Ontem (13) à noite o Mercosul enviou sua resposta à side letter (carta paralela) da União Europeia no âmbito do arrastado acordo de livre comércio entre os dois blocos. Nesta quinta-feira (14), os negociadores falarão no final do dia, disse a chancelaria brasileira.
"A resposta do Mercosul à UE foi enviada ontem [13] à noite. Hoje [14] há uma videoconferência entre o Mercosul e a UE para avançar na discussão, que tem sido objeto de frequentes reuniões entre negociadores", disse um porta-voz do Itamaraty não identificado à Reuters.
A mídia acrescentou que dois diplomatas europeus também confirmaram o envio e a reunião.
Segundo relatos feitos à CNN Brasil por fontes diplomáticas, a resposta do Mercosul tem apenas duas páginas e aborda aspectos gerais, sem entrar em demandas específicas sobre compras governamentais, por exemplo.
Uma pessoa que teve acesso ao documento afirmou que o bloco ressaltou a necessidade de "preservação de espaço de políticas públicas", em referência às licitações do setor público, mas sem entrar em detalhes sobre o que significaria isso.
De acordo com essas fontes, a linguagem mais genérica decorre de divergências internas. Uruguai e Paraguai estariam reticentes com a intenção do Brasil, manifestada diversas vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de mexer nas exigências sobre compras governamentais.
A Argentina teria feito muitos questionamentos, mas estaria endossando a postura brasileira. Sem um forte consenso dentro do Mercosul, a saída foi usar termos menos específicos, relata a CNN.
Já uma fonte do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai disse à agência britânica que os países do Mercosul parecem concordar com a resposta à UE, superando as tensões dentro do bloco sul-americano que atrasaram uma resposta conjunta.
No início do ano, o bloco europeu apresentou ao Mercosul uma carta paralela ao acordo que incluía exigências ambientais para resolver as reservas de muitos Estados-membros da UE.
O Brasil classificou os acréscimos como "protecionistas", as punições (por meio de sanções ou suspensão do acordo) como "ameaças" e rejeitou as compras governamentais mais abertas previstas no acordo comercial proposto.
Diplomatas temem que o acordo, que representaria o maior acordo comercial alcançado pela UE em termos de população, possa desmoronar se não for concluído até ao final do ano, uma vez que as negociações já duram 20 anos e a ratificação é esperada desde 2019.