Nesta sexta-feira (15), o ministro da Defesa da Alemanha afirmou que a questão de entrega dos mísseis de cruzeiro Taurus à Ucrânia está ligada à segurança tanto do povo alemão, como do ucraniano.
"Não se trata de confiança [nos ucranianos devido ao longo alcance dos mísseis], trata-se de assegurar a segurança. Nós – o chanceler, eu e todos os outros membros do gabinete de ministros – fizemos um juramento para evitar danos ao povo alemão. Essa é a nossa tarefa e, ao mesmo tempo, queremos proteger a Ucrânia. E se levar mais uma ou duas semanas para tomar uma decisão, que assim seja", disse Boris Pistorius em uma conferência sobre a Paz de Westfália, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648).
O ministro alemão apelou à compreensão, "mesmo que os nossos amigos ucranianos tenham dificuldade em fazê-lo".
No final de maio, o então ministro da Defesa ucraniano, Aleksei Reznikov, pediu à Alemanha para fornecer mísseis de cruzeiro Taurus com um alcance de até 500 quilômetros. Se a Bundeswehr (Forças Armadas) não puder fornecer essas armas, o governo alemão deveria dar instruções à indústria para começar a produzi-las, uma vez que as Forças Armadas ucranianas precisam delas "imediatamente", disse Reznikov.
Berlim não está fornecendo esses mísseis a Kiev porque teme que as Forças Armadas ucranianas os utilizem para atacar o interior da Rússia, explicou a ministra alemã das Relações Exteriores Annalena Baerbock. Em resposta, seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, respondeu de modo rude à diplomata, dizendo que "vocês vão fazê-lo na mesma". "Não compreendo porque é que estamos perdendo tempo", acrescentou ele.
O principal ponto de discórdia no fornecimento de mísseis Taurus para as Forças Armadas ucranianas é o alcance desses mísseis, que é de 500 quilômetros. Até o momento, Berlim não forneceu a Kiev armas com essas características, por uma questão de princípio. A comunidade de especialistas alemães discutiu se os mísseis poderiam ser programados de forma que não pudessem ser usados para atingir o território russo. O chanceler alemão Olaf Scholz está interessado nessa questão, e é por isso que as negociações com representantes da indústria militar estão supostamente em andamento, de acordo com a revista Spiegel.