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Marco temporal: desafiando STF, comissão do Senado aprova tese derrubada pela Corte

Sessão em homenagem aos povos indígenas no Senado
CCJ aprovou PL que garante demarcação apenas das terras indígenas ocupadas ou em disputa até 1988 e pediu regime de urgência para votação da proposta pelo plenário do Senado.
Sputnik
Menos de uma semana depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar inconstitucional a tese do marco temporal para a demarcação das terras indígenas, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou na manhã de hoje (27) o Projeto de Lei (PL) 2903/2023, que fixa o entendimento rejeitado pela Corte.
O colegiado aprovou também pedido de urgência para que o projeto seja votado no plenário da Casa. Capitaneado pela bancada ruralista do Congresso Nacional, a proposta recebeu 16 votos a favor e 10 contra. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), informou que tentará pautar o PL para ser votado ainda hoje.
A tese jurídica do marco temporal determina que povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou já disputavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. A partir dessa lógica, uma série de demarcações realizadas pelo governo federal, após essa data, podem perder a validade.
Lideranças indígenas e entidades de direitos humanos consideram a medida uma ameaça aos povos originários e ao meio ambiente saudável, e têm realizado manifestações desde o início do julgamento no STF para impedir que a tese se torne realidade.
Manifestação de indígenas contra o marco temporal na Esplanada dos Ministérios. Brasília (DF), 30 de agosto de 2023
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Votação do marco temporal é retomada no STF, sob protestos de lideranças indígenas
A aprovação ocorre no mesmo dia em que o STF iniciou o debate sobre a tese que servirá de parâmetro para a resolução de casos semelhantes sobre demarcação de terras que estão suspensos. Uma das discussões sensíveis sobre o tema diz respeito a possíveis reparações e indenizações a quem ocupa terras consideradas indígenas.
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