Panorama internacional

Como a Rússia resiste e consegue driblar as sanções ao petróleo impostas pelo G7?

Desde o começo da operação russa na Ucrânia, o Ocidente, liderado pelos países do G7, massacram a Rússia com sanções econômicas. No entanto, novos clientes e novas rotas comercais garantem a manutenção do sucesso da exportação russa de petróleo.
Sputnik
Na tentativa de enfraquecer Moscou através de uma guerra por procuração usando Kiev, os países-membros do grupo, nomeadamente Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido, estabeleceram uma série de regras para prejudicar a exportação do petróleo russo.
No entanto, mesmo com toda pressão, a Rússia tem evitado com sucesso as sanções à maior parte das suas exportações, e, atualmente, exporta a commodity além do limite de US$ 60 (R$ 301) por barril, alcançando valores que chegam a US$ 100 (R$ 502), relata o G1.
Mas como Moscou tem contornado as sanções e mantido sua economia aquecida em meio à coerção ocidental?
Um dos pontos destacados pela mídia brasileira, e ao mesmo tempo conhecido para aqueles que seguem o assunto, é a renovação da carteira de clientes na Ásia e o fortalecimento da parceria com clientes antigos, como Índia e China.

"Já sabíamos que a Rússia havia encontrado rapidamente novos clientes na Ásia, especialmente na China e na Índia, países que não aderiram ao regime de sanções. Eles fizeram um bom negócio porque esse petróleo foi vendido com um grande desconto em relação ao preço oficial", conta Dominique Baillard, cronista de economia ouvida pela mídia.

A especialista destaca que, na verdade, as regras do G7 acabaram por causar efeito contrário, dando mais lucro e facilidades nas garantias de entrega do produto.
"Agora estamos descobrindo que a Rússia está vendendo seu petróleo bruto a um preço muito bom, bem acima do teto de US$ 60 [R$ 301], sem a necessidade de garantias ocidentais. Isso se deve ao fato de que o teto, que está em vigor desde dezembro, aplica-se apenas a cargas cobertas por seguradoras."
Ao mesmo tempo, Moscou contou com a parceria de intermediários localizados em países como Turquia e Emirados Árabes Unidos, por onde passam as remessas. Baillard aponta que, desde o verão europeu (que durou de julho a setembro), Moscou vem conquistando "o máximo proveito da recuperação dos mercados de petróleo".
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Esse aumento dos preços também é outro fator que ajuda a manter o sucesso russo, que junto à Arábia Saudita, reduziu seu fornecimento dentro da OPEP+, segundo a especialista.
"Além disso, o desconto aplicado a essa variedade de petróleo bruto diminuiu. Há alguns meses, o Ural (marca de petróleo de referência usada como base para a precificação da mistura de petróleo de exportação da Rússia) estava sendo vendido com um desconto de até US$ 40 (R$ 202) no mercado", destaca Baillard.
A mídia aponta que esse desconto caiu para US$ 12 (R$ 60) e entre junho e agosto, o preço do petróleo bruto russo para exportação saltou de US$ 55 (R$ 278) para US$ 73 (R$ 369) por barril. Com todo esse contexto, as receitas do petróleo impulsionam, de fato, o crescimento da economia russa.
Segundo o FMI, o crescimento global de 2023 previsto em torno de 1,5%, já seria bom para as finanças públicas. Por outro lado, o presidente, Vladimir Putin, planeja um aumento de 70% no orçamento de defesa para 2024.
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Nesta quarta-feira (27), o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, criado para ajudar as ex-repúblicas soviéticas, confirmou as previsões de crescimento fornecidas pelo FMI e expressou sua decepção: "Esperávamos que as sanções fossem mais eficazes", disse em um comunicado à imprensa.
A Ucrânia pressiona para que esse cenário seja mudado e sugere uma redução do teto de US$ 60 por barril e novas medidas para barrar o crescimento russo, relata a mídia. Parceira do G7, Kiev apela para que a Europa seja mais consistente em suas políticas antirussas e pede um embargo aos diamantes, assunto que atualmente está sendo discutido no G7.
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O foco nos diamantes acontece visto que importações russas desses elementos preciosos feita por outros países, assim como de semicondutores, voltaram aos níveis anteriores ao início do conflito, relata a mídia brasileira.
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