A situação no Oriente Médio é altamente perigosa devido à escalada do confronto e ao potencial para extravasar a zona de conflito árabe-israelense. É o que afirmou, nesta terça-feira (10), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"A situação é mais do que alarmante. É potencialmente perigosa porque vai se expandir e ir além da atual zona de conflito árabe-israelense. Agora é muito importante que as partes mantenham a contenção e que pessoas raivosas, não habituadas a dialogar, não tenham acesso ao poder. Apenas aqueles com vontade política devem participar do processo de resolução [do conflito]", disse Peskov, em entrevista.
Nesta terça-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou preocupação com o aumento catastrófico de vítimas civis em Israel e Gaza ao longo dos quatro dias de confronto. Até o momento foram contabilizadas pelo menos 1.900 vítimas fatais do conflito, sendo 900 palestinos e mil israelenses.
Segundo um comunicado do Kremlin, em conversa telefônica com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, os dois líderes destacaram o agravamento acentuado da situação na zona de conflito.
"Foi destacada uma profunda preocupação com a escalada contínua da violência e o aumento catastrófico do número de vítimas civis", informou o comunicado.
De acordo com o documento, Putin e Erdogan reiteraram a necessidade de "um cessar-fogo imediato" e da "retomada do processo de negociação".
Os líderes discutiram medidas a serem tomadas para evitar uma escalada no conflito, e Erdogan afirmou ser lamentável que instalações civis sejam alvejadas. Ele ressaltou que a Turquia não apoia tais atos.
Mais cedo, Putin classificou como necessária a criação de um Estado palestino e disse que a nova guerra entre Israel e o Hamas escancarou o fracasso da política dos EUA para o Oriente Médio.
Na manhã do último sábado (7), o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel a partir da Faixa de Gaza. O Exército israelense relatou mais de 3 mil foguetes disparados do enclave e a incursão de dezenas de palestinos armados nas áreas da fronteira sul de Israel. Civis e militares israelenses foram tomados como reféns pelo Hamas e levados para Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel está em estado de guerra e ordenou uma convocação recorde de 300 mil reservistas.