A escalada de violência na fronteira do Líbano com Israel devido a embates das Forças de Defesa de Israel (FDI) com o grupo Hezbollah levou ao deslocamento interno de mais de 19 mil pessoas.
Os números foram divulgados nesta segunda-feira (23), pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), que vem monitorando os deslocamentos. A organização aponta que, desde o dia 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas a Israel, 19.646 pessoas foram deslocadas internamente no Líbano.
Segundo informou o porta-voz da OIM, Mohammed Ali Abunajela, em comunicado à AFP, transmitido pela emissora libanesa MTV, a maioria dos deslocamentos foi registrada no sul do país, onde fica a fronteira com Israel, mas houve descolamentos em outras regiões do país.
"A expectativa é que esses números aumentem à medida que tensões transfronteiriças persistem", disse Abunajela.
Abunajela ressaltou que o Líbano enfrenta uma paralisia política e econômica há quatro anos e não implementou um plano de evacuação de civis que fogem das áreas em conflito para outras regiões do sul ou para a capital Beirute.
"Diante de uma situação econômica em deterioração e do aumento significativo da pobreza em todas as camadas da população do Líbano, os deslocamentos internos podem gerar pressão adicional aos recursos das comunidades anfitriãs"
Ele acrescentou que o Líbano já vive uma grave escassez de recursos, incluindo medicamentos, e problemas no acesso a serviços básicos que vão desde a eletricidade até a educação e saúde.
"Nesse contexto, responder aos deslocamentos em grande escala e às questões de saúde que possam ocorrer pode sobrecarregar o já frágil sistema de saúde do país."
Segundo Abunajela, a maioria dos deslocados está abrigada em casas de familiares ou em escolas geridas por autoridades locais que estão sendo usadas como abrigos, principalmente na cidade de Tiro, localizada no sul do país.
Os confrontos entre o Exército israelense e militantes do Hezbollah na região fronteiriça aumentaram desde os ataques do Hamas do dia 7 de outubro. O Hezbollah declarou apoio ao Hamas no confronto contra Israel e realizou ataques com foguetes contra alvos em regiões fronteiriças. Israel respondeu com bombardeios aéreos contra alvos do grupo.
Pelo menos 40 pessoas morreram nos confrontos no lado libanês da fronteira, a maioria militantes do Hezbollah. No lado israelense, foram quatro mortes, sendo três militares e um civil.