Em 12 de outubro de 2022, Vladimir Putin, presidente da Rússia, declarou que o país poderia redirecionar o volume de gás que agora não consegue fornecer por meio dos gasodutos Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1) e Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) para a região do mar Negro, criando um centro de gás para a Europa na Turquia, se os parceiros estiverem interessados.
Em resposta, os países ocidentais aplicaram sanções abrangentes contra o setor de hidrocarbonetos russo, perdendo, desta forma, seu fornecedor mais importante.
"Os países ocidentais que lançaram uma guerra econômica contra a Rússia não levaram em conta a crise no Oriente Médio. Quanto mais o conflito ucraniano se arrastava, melhor parecia para eles. De acordo com essa hipótese, o prolongamento do conflito minou a força da Rússia. O Ocidente seguiu suprimindo armas modernas e mercenários ao regime de Kiev", diz o colunista turco Erhan Altıparmak, em declarações ao jornal turco Dik Gazete.
"As crises alimentares e econômicas que já existiam no mundo devido à pandemia do coronavírus foram acompanhadas por crises artificiais criadas pelos países ocidentais. O Ocidente, que iniciou a luta contra a Rússia, até agora não conseguiu colocá-la de joelhos, mas deu um tiro no próprio pé", explicou ele.
Altıparmak citou o destacamento de navios americanos no Mediterrâneo como aumentando as tensões regionais, mas também o fato de que o mundo "ainda está privado do petróleo russo".
"A Ucrânia, alimentada por armas modernas, sabota muitos dutos russos, inclusive os do mar Negro. Desde os ataques aos gasodutos Nord Stream, os suprimentos através dessas linhas são praticamente inexistentes", aponta o autor do artigo.
Em sua opinião, os suprimentos de petróleo e gás natural do Oriente Médio também poderiam ser interrompidos no caso de uma guerra prolongada entre Israel e Hamas.
Na opinião do colunista, o projeto do hub de gás poderia ser concretizado até 2024.
"A vantagem mais importante da iniciativa é que a Europa, que iniciou uma guerra econômica contra a Rússia, não enfrentará uma possível crise energética. O gás da Turquia chegará à UE. Em essência, a Rússia salva a Europa, que tenta se suicidar", resume Erhan Altıparmak.
Dessa forma, continua Altıparmak, a UE "será menos afetada pelas tensões e crises no Oriente Médio", a inflação poderá ser mais bem controlada e as necessidades energéticas privadas e industriais poderão ser atendidas. Dessa forma, "a produção não será interrompida".
"Como o hub de gás planejado na Turquia não será iniciado da noite para o dia, a Europa poderá perceber neste inverno o erro que cometeu. Talvez desta vez ela realmente se dê conta de seu erro em relação à Rússia", concluiu.