De acordo com um relatório da agência atômica da Organização das Nações Unidas (ONU) de 22 de setembro, visto pelo jornal Nikkei Asia, Pequim, que tem a segunda maior contribuição anual depois dos Estados Unidos — de cerca de US$ 65 milhões (R$ 317 milhões) — reteve o pagamento do montante total.
Segundo fontes diplomáticas ouvidas pelo jornal em Viena, sede da AIEA, a medida é uma tentativa chinesa de exercer pressão para se opor à liberação do Japão de águas residuais tratadas da central nuclear de Fukushima que a AIEA aprovou em julho.
O atraso nos pagamentos é claramente considerado, em parte, ameaça contra o secretariado da agência, de acordo com uma fonte diplomática do G7 em Viena.
Pequim já havia chamado as águas residuais tratadas de "água contaminada nuclear" e instou o secretariado da agência, chefiado pelo diretor-geral Rafael Grossi, a se opor à sua liberação no oceano.
Embora o secretariado não tenha mudado a sua posição quanto à liberação, está se tornando cada vez mais cauteloso, uma vez que a redução nas contribuições chinesas poderia dificultar operações no órgão, diz o jornal.
Grossi afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (22) que o atraso nos pagamentos pode afetar algumas operações já em 2024.
Até agora, a China criticou fortemente Washington por não pagar a sua parte na ONU e em outros fóruns. No entanto, como Pequim agora é um grande contribuinte, pode estar seguindo o exemplo dos Estados Unidos ao tentar utilizar pagamentos retidos como moeda de troca, escreve o Nikkei Asia.
Em meados de outubro, quatro trabalhadores que estavam limpando tubos para liberar a água da usina asiática ficaram molhados com água radioativa. Dois deles foram hospitalizados por precaução, conforme noticiado.