No último dia 17 de dezembro foram realizadas as eleições nacionais e locais na Sérvia. O Partido Progressista Sérvio (SNS, em sérvio), o qual pertencem o presidente Aleksandar Vucic e a primeira-ministra Ana Brnabic, saiu vitorioso alcançando o maior número de assentos na Assembleia da cidade de Belgrado.
Descontente com o resultado, a aliança opositora, Sérvia Contra a Violência (SPN, em sérvio), afirmou que o resultado foi fruto de fraude eleitoral. Belgrado abriga cerca de um quarto da população do país, que possui cerca de 6,6 milhões de habitantes. Por conta disso, o cargo de prefeito da cidade é um dos mais importantes da Sérvia.
Revoltas de domingo na Sérvia
Entre os dias 17 e 24, a oposição organizou vários comícios por Belgrado, alguns marcados pela violência, como foi o caso da última segunda-feira (18), em que manifestantes se reuniram frente a Comissão Eleitoral Republicana e supostamente atacaram os funcionários do órgão.
Responsável por investigar as alegações de "eleitores fantasmas", a Comissão Eleitoral informou no domingo que não encontrou nenhuma evidência de que a eleição tivesse sido roubada.
Na noite de domingo (24), manifestantes pró-oposição se reuniram no centro de Belgrado após serem convocados pelo SPN. A líder da coalizão, Marinika Tepic, foi impedida de entrar no edifício da Comissão Eleitoral e um palco improvisado foi erguido próximo da residência presidencial, com palestrantes e artistas incitando a multidão. Mais tarde, alguns ativistas invadiram a Câmara Municipal, mas foram expulsos pela polícia.
Apoio do Ocidente
Aleksandar Sapic, chefe da administração temporária da cidade, declarou que os danos causados ao edifício histórico são "irreparáveis" e comparou as manifestações ao caso de Maidan, golpe armado de 2014 em Kiev que preparou o terreno para as atuais hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia.
O termo também foi utilizado pela primeira-ministra Ana Brnabic e pela representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que disse que esta foi tentativa óbvia do Ocidente coletivo de desestabilizar a situação no país através de "golpes de Maidan". Brnabic também agradeceu à forças de inteligência russa, que alertaram ao governo sérvio sobre possíveis tentativas de desestabilizar o Estado.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov "evidentemente, existem processos e tentativas de terceiros, inclusive do exterior, para provocar tal agitação em Belgrado. Isto é o que estamos vendo. Não temos dúvidas de que a liderança da república manterá o Estado de Direito no país".
Já Vucic comparou as manifestações às "revoluções coloridas", termo utilizado para descrever as revoltas em massa levadas a cabo por forças políticas pró-ocidentais nas décadas de 1990 e 2000. A Rússia e outras nações consideram a onda como planejada pelo Ocidente para promover seus objetivos geopolíticos, sendo executada por meio de ONGs, meios de comunicação e partidos financiados pelos EUA e seus aliados.
Em entrevista a TV russa Rossiya 24, o embaixador russo na Sérvia, afirmou que Vucic está em posse de provas do envolvimento ocidental nos protestos acontecidos no último domingo (24).