No final de novembro, a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, afirmou que a Argentina não integraria o BRICS, em uma decisão que reverteu a determinação tomada pelo ex-presidente Alberto Fernández, conforme noticiado.
Agora, a desistência de Buenos Aires foi oficializada em uma carta enviada aos membros do BRICS pelo presidente Javier Milei, na qual Milei diz que "neste momento não é considerado adequado participar como membro da aliança", segundo o site de notícias TN.
Na Casa Rosada, entendem que o pertencimento não gera benefício econômico direto, e que qualquer relação comercial com os países-membros do grupo pode ser negociada bilateralmente, sem a necessidade de mediação através do BRICS, relata a mídia.
No Brasil, país-membro do BRICS, a carta de Milei foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com "zero surpresa", e, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo, não haverá reação oficial ao documento, "porque não entrar no BRICS é uma decisão soberana da Argentina".
O documento foi enviado ao governo brasileiro através da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, mesmo procedimento usado para comunicar a decisão da Argentina aos demais integrantes do grupo.
O jornal ainda afirma que, a pedido de Milei, a chanceler Diana Mondino redigiu uma carta moderada, seguindo um mesmo modelo para os cinco governos integrantes do bloco (Rússia, China, Brasil, Índia e África do Sul), com o objetivo de não causar danos às relações bilaterais com os membros do BRICS.
Deixar o BRICS antes mesmo de oficialmente entrar é outra reviravolta que se soma ao esfriamento das relações com Venezuela, Cuba e Nicarágua, após retirada de embaixadores argentinos desses países, e ao mal-estar gerado com a China e o Brasil durante a campanha.
Mesmo que Milei tenha adotado um tom mais brando em suas críticas a Pequim, o gigante asiático decidiu suspender o acordo que previa um financiamento de US$ 6,5 bilhões (R$ 31,6 bilhões) a Buenos Aires.
A recusa argentina para ingressar no grupo também representa, paralelamente, uma nova homenagem aos Estados Unidos, uma vez que Washington enxerga a aliança com suspeita, escreve o TN.
Mesmo sem aderir ao BRICS, a Argentina explorou a possibilidade de entrar no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), visto que poderia ter acesso a fontes de financiamento. Embora também seja chamado de banco do BRICS, não há correlação entre pertencer ao grupo e ao banco.
Porém, para entrar, Buenos Aires teria que pagar uma taxa que hoje o país não estaria disposto devido à sua delicada situação econômica.