De acordo com o Financial Times (FT), o número de navios cargueiros na foz do mar Vermelho a caminho do canal de Suez diminuiu 90% na primeira semana de janeiro em comparação com o início de 2023, aponta uma pesquisa realizada pela empresa de serviços de transporte marítimo Clarksons, com sede em Londres. Segundo dados da pesquisa, o número de navios que desviaram do mar Vermelho para contornar o Cabo da Boa Esperança até ontem (9) era mais do dobro do total registrado em 21 de dezembro.
Na noite de terça-feira, dia em que os números foram compilados, os houthis lançaram um dos seus maiores ataques combinados contra o transporte marítimo até agora. O Comando Central dos EUA disse que com navios de guerra e aeronaves dos EUA e do Reino Unido chegou a abater 18 drones, dois mísseis de cruzeiro antinavio e um míssil balístico — não foram relatados feridos ou danos nos ataques.
Os desvios através do extremo sul da África, incluindo da gigante alemã Hapag-Lloy, acrescentam entre 10 e 14 dias a cada viagem entre a Ásia e o norte da Europa.
Os navios cargueiros são o principal meio de transporte de produtos manufaturados e semimanufaturados em todo o mundo e a aceleração dos desvios fez com que o Índice de Frete Contentorizado de Xangai — uma medida dos custos de movimentação de um único contentor de 76 metros cúbicos em uma série de rotas de longo curso — atingisse, na última sexta-feira (5), a sua taxa mais elevada fora da pandemia COVID-19, computando um gasto médio superior de aproximadamente 100% nos valores praticados. Para se ter uma ideia, o custo de transportar um contêiner de Xangai para Gênova passou de US$ 1.956 (R$ 9.598,48) para US$ 4.178 (R$ 20.502,28).
As companhias marítimas têm abandonado cada vez mais as rotas do mar Vermelho e do canal de Suez desde o final de novembro. Elas foram dissuadidas por ataques de mísseis houthis, contra navios com alguma ligação com Israel que transitam pela região em resposta à guerra desproporcional travada por Tel Aviv contra o Hamas em Gaza, que já matou mais de 22 mil palestinos, segundo informações das autoridades locais.
O número de desvios aumentou desde o ataque ocorrido em 30 de dezembro ao Maersk Hangzhou, operado pela dinamarquesa AP Moller-Maersk. O ataque abalou a confiança das companhias marítimas de que a Operação Guardiões da Prosperidade dos EUA, destinada a prevenir ataques houthis, resolveria o problema.