Nesta quinta-feira (11), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos divulgou sua nova estratégia industrial de defesa nacional e reconheceu que o Pentágono precisa de uma injeção de ideias novas — e de capital de risco — para revitalizar sua base industrial, à medida que Washington procura ganhar o terreno perdido para a China e renovar os estoques enviados para a Ucrânia.
"A China se tornou a potência industrial global em muitas áreas-chave – desde a construção naval até os minerais críticos e à microeletrônica, ultrapassando os EUA, bem como os seus aliados europeus e asiáticos […]", afirmou o departamento no relatório, segundo a agência Bloomberg.
Na visão do órgão, serão necessárias infusões de capital de risco porque muitos empreiteiros de defesa tradicionais "ainda não adotaram tecnologias de produção avançadas enquanto lutam para desenvolver negócios" para o investimento de capital necessário.
"Isso impacta diretamente a capacidade do Departamento de Defesa de reduzir os prazos de fabricação e os custos do ciclo de vida [de armamentos] e de aumentar a prontidão."
Ao mesmo tempo, os desafios que o Pentágono enfrenta foram sublinhados por uma série de motivos, relatou o departamento.
O órgão sinalizou que serão necessários vários anos para reabastecer algumas das armas fornecidas à Ucrânia a partir dos arsenais. O Pentágono também apontou o lento desenvolvimento de armas hipersônicas altamente manobráveis já utilizadas por Rússia e China e frisou a preocupação contínua dos empresários do Vale do Silício de que a contratação de defesa seja voltada para um punhado de empreiteiros gigantes, e não para empresas de tecnologia mais ágeis.
O documento também apela para uma abordagem que englobe uma gama mais ampla de desenvolvimento da indústria de defesa norte-americana, que agregue "fluxos de financiamento, especialmente capital privado e capital de risco".
"A consolidação da base industrial de defesa ocorreu ao longo de uma geração e exigirá outra geração para se modernizar", alertou.
A estratégia inédita também recomenda que o Pentágono trabalhe com as nações do Indo-Pacífico em uma frente multinacional para combater a China, tal como fez com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e outros parceiros em nome da Ucrânia.
O documento ainda destaca a necessidade de renovar e reforçar proteções contra o investimento chinês: o chamado capital adversário.
Por fim, o departamento alerta que os atuais mecanismos reguladores, incluindo o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês) e as ordens executivas que regem as fusões e aquisições, "não proporcionam uma defesa de espectro total do capital visado da China e de outros adversários".
A Bloomberg analisa que a estratégia divulgada hoje (11) contém "muitos floreios retóricos sobre as causas do declínio da base industrial norte-americana", mas carece de políticas reais, incluindo onde o Pentágono vai injetar dinheiro para aumentar as capacidades. A mídia afirma que essas definições devem vir futuramente em um plano de implementação prometido.