Em um discurso na Universidade de Valladolid, na Espanha, o representante do bloco europeu também disse que Israel financiou a criação do Hamas, contradizendo publicamente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que negou tais acusações.
"Sim, o Hamas foi financiado pelo governo de Israel em uma tentativa de debilitar a Autoridade Palestina liderada pelo Fatah […]. Nunca foram feitas grandes coisas […] [para chegar à solução de dois Estados]. A boa notícia é que há pessoas disponíveis para fazê-lo, a má notícia é que Israel, em particular, […] nega [essa saída] redondamente", acrescentou Borrell, acusando Tel Aviv de "boicotar" os esforços para conseguir "uma solução política" nos últimos 30 anos, segundo a agência Reuters.
Ao mesmo tempo, o político declarou que sem intervenção internacional a "espiral de ódio continuará geração após geração": "Os interventores se opõem demasiadamente […] a um acordo de forma autônoma. […] Se todos forem a favor dessa solução [de dois Estados], a comunidade internacional terá de a impor", afirmou.
Por fim, Borrell declarou que, diante do cenário geopolítico de conflitos e tensões, "essa é uma violência para a qual a Europa não estava preparada", a qual "vai marcar o futuro mais imediato": "A Europa é um herbívoro em um mundo de carnívoros", concluiu o ministro, citado pelo Observador.
Não é a primeira vez que Borrell faz comentários mais fortes sobre a guerra na Faixa de Gaza, a qual se encaminha para o seu quarto mês. Em novembro, ele pediu uma resolução para o conflito e disse que não adiantava enviar ajuda humanitária a um lugar que não parava de ser bombardeado.
"Multiplicamos por quatro a ajuda humanitária. Mas não tem muito sentido dar de jantar a alguém se vai morrer no dia seguinte sob as bombas", disse o político espanhol, conforme noticiado.
Também no fim de novembro, Tel Aviv decidiu chamar de volta sua embaixadora em Madri para consultas, após uma declaração do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a respeito da operação militar israelense em Gaza.
Na época, Sánchez condenou os ataques de Israel contra civis palestinos, argumentando ser "uma questão de humanidade".