"Tem a Previdência privada, que entrega aposentadorias miseráveis à maioria dos aposentados desde meados da década passada, e um sistema de saúde totalmente privado. É uma situação muito parecida com a que acontece nos Estados Unidos, onde não tem um sistema público e isso faz com que uma pessoa que tem uma doença, que requer um tratamento um pouco mais caro, acabe se endividando muito, principalmente as pobres e de classe média. Mas não havia uma liderança, era um movimento muito horizontal", acrescenta.
Por que os chilenos rejeitaram a nova Constituição?
"A primeira, que foi rejeitada em 2022, tinha muitos pontos positivos e respondia a grande parte das demandas daquela revolta social de 2019, mas faltou uma liderança que pudesse divulgar melhor o que estava sendo proposto. Era uma proposta muito parecida com o que o Boric defendeu na campanha presidencial. […] E no ano passado tivemos o segundo processo, dominado pela extrema-direita, totalmente diferente da proposta de 2022, só que também faltou ali uma liderança", enfatiza.
Quais as diferenças entre os dois textos rejeitados no Chile?
Quem governa o Chile hoje?
"Esse é um problema. Nisso que a extrema-direita consegue manter os seus temas vigentes, principalmente a questão do ódio aos imigrantes. Aquela coisa, como você tem um desemprego muito alto, é muito fácil vender um discurso de que o imigrante é que está roubando seu emprego. O imigrante venezuelano, colombiano, que são duas comunidades que cresceram muito no Chile nos últimos anos, desde antes da pandemia. E com esse aumento do desemprego, esse discurso, obviamente, ganhou muito potencial, e a extrema-direita está sabendo usar", finalizou.