O Ministério do Interior do Reino Unido inviabilizou um acordo que permitiria a Londres enviar migrantes turcos sem documentos de volta ao seu país de origem, declarando a Turquia insegura por questões de direitos humanos, informou na sexta-feira (2) o jornal britânico The Times, citando uma análise interna do Ministério do Interior.
A análise descreveu a Turquia como "um Estado que não atende aos critérios de ser 'geralmente seguro'", já que análises anteriores descobriram que 99% dos casos de asilo turco no Reino Unido foram baseados em um "medo do Estado", conforme citou o jornal.
A maioria dos refugiados eram oponentes "políticos" das autoridades turcas devido ao seu envolvimento real ou alegado em movimentos de oposição, incluindo o Partido Democrático Popular, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), proibido na Turquia como uma organização terrorista, e o movimento Gulen, segundo o relatório.
Ao mesmo tempo, a avaliação levantou preocupações sobre a conformidade da Turquia com "decisões adversas" do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), que "levantou questões sobre a adesão ao estado de direito", disse também o relatório.
Em agosto de 2023, o Reino Unido e a Turquia chegaram a um acordo para combater a migração sem documentos, tendo como alvo as gangues de contrabando de pessoas que usam pequenos barcos para transferir pessoas através do canal da Mancha.
A migração sem documentos tem sido uma questão premente para o Reino Unido há anos, e ela se intensificou depois que o país deixou a União Europeia em 2020. Dados do Ministério do Interior mostram que mais de 29.400 pessoas chegaram ao Reino Unido em pequenas embarcações em 2023.