Joe Biden, presidente dos EUA, deu na quinta-feira (7) seu discurso sobre o Estado da União em uma sessão conjunta do Congresso. Durante o discurso, ele pediu que o país "apoie a Ucrânia e [continue] a fornecer as armas de que precisa para se defender".
"Em vez de um discurso sobre o Estado da União, o Congresso dos EUA e, de fato, o povo americano, foram tratados com um discurso de campanha empolgante que o presidente dos EUA estava usando para dar início à campanha eleitoral presidencial de 2024", disse Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e analista militar independente à Sputnik.
Biden "enfrenta o presumível candidato republicano, o ex-presidente dos EUA Donald Trump, no que muitos esperam ser uma disputa muito quente, controversa e acalorada para quem será o próximo presidente dos Estados Unidos. Joe Biden começou esse discurso sobre o Estado da União, esse discurso de campanha, falando sobre a Ucrânia, sobre a Rússia e sobre o presidente russo Vladimir Putin", disse o especialista.
Ritter citou Biden como tendo dito durante o discurso que os Estados Unidos "não se afastarão da Ucrânia", e notou que "em muitos aspectos, o 46º presidente dos EUA está certo".
"Biden não se afastou da Ucrânia. Ele fugiu de lá direto para questões sobre política interna, porque é um discurso de campanha, não um discurso sobre o Estado da União", apontou.
O ex-oficial sugeriu que Biden insinuou a necessidade de liberar o pacote de financiamento de US$ 64 bilhões (R$ 319 bilhões) durante o discurso "porque está ligado à política doméstica americana e talvez à questão mais controversa do dia, que é a reforma da imigração de segurança nas fronteiras".
O pacote de US$ 64 bilhões "está sendo mantido como refém pelos republicanos na Câmara dos Representantes. […] Se Biden não mudar sua abordagem em relação à imigração, os republicanos não vão liberar o dinheiro. A Ucrânia não vai receber a assistência de que precisa", prevê Scott Ritter.
"Os Estados Unidos estão fugindo da Ucrânia, e essa é a realidade", argumentou Ritter, acrescentando que "as pessoas precisam entender" que nos próximos meses Biden estará "quase que singularmente focado na política doméstica americana, tentando se diferenciar de Donald Trump."
Ritter sugeriu que o conflito na Ucrânia "terá uma morte natural, por assim dizer, uma morte trágica para o povo ucraniano, mas uma morte na qual o público americano não será significativo e engajado".