Durante o contato, iniciado pelo lado iraniano, Putin e seu homólogo discutiram detalhadamente "a situação agravada no Oriente Médio após o ataque aéreo israelense à missão diplomática iraniana em Damasco e as medidas retaliatórias tomadas pelo Irã", segundo comunicado emitido pelo Kremlin.
Até o momento, Raisi não contactou nenhum outro líder mundial após o contra-ataque iraniano.
O professor e vice-reitor do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Vladimir Morozov, observa que quem inicia tais ligações geralmente está mais interessado em realizar a conversa.
Segundo ele, fazer o contato foi uma jogada lógica para o presidente iraniano, considerando a natureza amigável das relações entre Rússia e Irã.
"Acredito que o Irã considere nosso país não apenas um patrocinador formal da resolução do conflito no Oriente Médio, mas um país que pode influenciar todos os lados do conflito e tem um voto no Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse ele, acrescentando que Teerã está perfeitamente ciente de que a questão dos ataques entre Irã e Israel está longe de ser resolvida.
Assim, ele argumentou que era importante para a liderança iraniana mostrar ao seu povo que Teerã tem amigos influentes no exterior, parceiros com os quais a república islâmica pode discutir a situação atual.
Sobre a próxima visita a Moscou do vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, que deve participar de uma conferência sobre não proliferação esta semana, Morozov destacou que as potências ocidentais ainda não apresentaram evidências que respaldem suas alegações de que o Irã está trabalhando em uma arma nuclear.
"Todos nos lembramos da situação com o Iraque e de como Colin Powell [ex-secretário de Estado dos EUA] discursava em uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, acusando o regime de Saddam Hussein de possuir armas de destruição em massa que, como esperado, ninguém encontrou depois que o Iraque foi invadido e o regime foi derrubado", disse ele.
Morozov sugere que, em vez de tentar retratar o Irã como uma espécie de ameaça à segurança global, esforços deveriam ser feitos para envolvê-lo em discussões sobre segurança regional e cooperar com o país.
"A mesma coisa tem acontecido nas últimas décadas com o Irã, que está sendo acusado de estar prestes a construir uma bomba nuclear nos próximos dois meses", completa.
Ele também alertou que outros países no Oriente Médio deveriam estar atentos à encruzilhada atual em que se encontram: ou buscam negociações e esforços de paz, embora frágeis, ou a situação na região pode rapidamente se transformar em "uma escalada muito séria, até a Terceira Guerra Mundial".