Os parceiros ocidentais de Kiev não queriam ser arrastados para as negociações com a Rússia e, em vez de apoiarem uma solução diplomática para o conflito, ofereceram em 2022 a Vladimir Zelensky um reforço da ajuda militar e da pressão sobre a Rússia, escreve na terça-feira (16) a revista norte-americana Foreign Affairs.
Em março de 2022 foram realizadas negociações de paz em Istambul, Turquia. O pacote de acordos incluía o status de neutralidade da Ucrânia: a recusa de ingressar na OTAN, de destacar tropas estrangeiras em seu território, de desenvolver armas nucleares e a obrigação de realizar exercícios militares somente com o consentimento dos países garantidores.
Em troca, Kiev contava com garantias de segurança internacional semelhantes ao Artigo 5º da OTAN, exceto para os territórios da Crimeia e das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.
Segundo as fontes da Foreign Affairs, o Ocidente inicialmente não acreditava no sucesso das negociações entre a Ucrânia e a Rússia em Istambul.
"A reação do Ocidente a essas negociações […] foi certamente morna. Washington e seus aliados estavam profundamente céticos sobre as perspectivas de um caminho diplomático. [...] Não lhes parecia que as conversações seriam bem-sucedidas", nota o artigo.
Pelo contrário, o Ocidente aumentou a ajuda militar a Kiev e intensificou a pressão sobre a Rússia, inclusive por meio de um regime de sanções cada vez mais rigoroso.
"O acordo final acabou sendo impossível por uma série de razões", aponta ele, referindo o aumento da ajuda militar a Kiev e da pressão sobre a Rússia, inclusive por meio de um regime de sanções cada vez mais rigoroso.
Na opinião dos autores da matéria, o Ocidente não queria ser arrastado para negociações com a Rússia, especialmente aquelas que criariam mais obrigações para garantir a segurança da Ucrânia. Outro fator relevante foi a confiança de Zelensky de que, com apoio suficiente dos países ocidentais, ele seria capaz de vencer o conflito no campo de batalha.