"Entre outubro e dezembro de 2023, 44.760 famílias foram reconhecidas como pessoas sem-teto, um aumento de 15,8% em relação ao mesmo período do ano anterior", aponta o relatório do governo britânico, citado pelo jornal The Guardian.
Segundo a publicação, os dados mostram a magnitude da crise habitacional no Reino Unido.
"Toda semana vemos mais famílias sendo despejadas e uma pressão crescente nos orçamentos dos conselhos que lutam para lidar com o aumento do custo do apoio aos sem-teto. E, mesmo observando essa crise que está aumentando constantemente, é frustrante ver a abordagem do governo ao projeto de lei dos inquilinos, um dos principais mecanismos ao seu dispor para combater essa crise", disse Tom Darling, que representa uma ONG, ao jornal.
A diretora-executiva da organização de caridade Shelter, Polly Neath, afirmou que a falta de construção de moradias sociais acessíveis fez com que muitas famílias lutassem para reunir "uma quantia exorbitante de dinheiro" todo mês para ter onde morar. "Aqueles que não podem pagar o aluguel ficam sem-teto", afirmou.
Em maio de 2023, o governo do Reino Unido informou que o número de britânicos que enfrentam graves problemas com despesas de moradia e serviços públicos aumentou de 7,8 milhões em maio do ano passado para 10,9 milhões em janeiro de 2023, representando 21% da população do país.
Crise energética influencia situação
Para além dos efeitos da saída da União Europeia e também a pandemia da Covid-19, o Reino Unido enfrenta ainda uma crise energética após deixar de importar o gás russo por conta da operação militar especial na Ucrânia. Além disso, a região deixou de comprar petróleo e carvão do país, que possuía preços mais atrativos.
A interrupção dessas cadeias de suprimento provocou um aumento nos preços dos combustíveis e alimentos em toda a Europa. O Reino Unido também enfrenta uma recessão técnica, com um encolhimento do produto interno bruto (PIB) de 0,1% só em 2023.
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