A posse de Vladimir Putin aconteceu no salão de Santo André, no Grande Palácio do Kremlin. Após a cerimônia, o presidente russo fez um discurso descrevendo as prioridades políticas internas e externas do novo mandato.
Putin enfatizou que a Rússia está disposta a dialogar, inclusive com o Ocidente, sobre os princípios de igualdade e respeito mútuo. O presidente afirmou que o país continuará a promover uma ordem mundial multipolar e um sistema de segurança unificado.
"As nossas decisões relativas ao desenvolvimento do país e das suas regiões devem ser eficazes e equitativas, melhorando, em última análise, o bem-estar e a qualidade de vida das famílias russas", ressaltou o presidente russo.
A expectativa do Ocidente de que a Rússia entraria em colapso sob sanções e sofreria uma derrota militar na Ucrânia se mostrou fútil, marcando um completo fracasso da estratégia ocidental, de acordo com Mikael Valtersson, oficial reformado das Forças Armadas suecas, ex-político na área de defesa e chefe de Estado dos Democratas Suecos.
"A economia russa cresceu 3,6% durante 2023 e ultrapassou, agora, a economia alemã em produto interno bruto [PIB] em termos de paridade de poder de compra [PPC]", disse Valtersson à Sputnik.
"O Fundo Monetário Internacional [FMI] projeta que o crescimento econômico russo em 2024 poderá ser o mais elevado entre os países desenvolvidos", destacou. "O sucesso russo, tanto econômico como militar, reforça naturalmente a posição de Putin, e não foi surpresa que ele tenha obtido mais de 80% dos votos nas eleições presidenciais de março."
O especialista observou que, com base nos discursos e nas entrevistas anteriores de Putin, o presidente russo provavelmente se concentraria no aumento da independência econômica e tecnológica da Rússia em relação ao Ocidente, no fortalecimento dos laços com países não ocidentais, na sustentação do crescimento econômico e na resolução do conflito na Ucrânia em condições favoráveis para a Rússia.
Ao mesmo tempo, o líder russo não fechou a porta ao Ocidente, acrescentou.
"[Putin] disse que acolheu melhor as relações com o Ocidente, mas então o Ocidente deve começar a tratar a Rússia como um parceiro respeitado e igualitário", disse Valtersson. "Se o Ocidente continuar a se considerar superior e der ultimatos à Rússia, a Rússia nunca se curvará à pressão ocidental."
No discurso de Putin, ficou evidente que a Rússia continua empenhada em dar prioridade aos seus próprios interesses, em vez de procurar a aprovação do Ocidente, destacou o especialista.
Ainda conforme Valtersson, a resiliência e o crescimento da economia russa sublinharam as fraquezas da ordem econômica mundial centrada no Ocidente, que depende de sanções e do domínio do dólar americano como ferramentas para controlar outros intervenientes globais.
A Rússia está constantemente "se desdolarizando" e mudando para moedas locais o comércio com outros países.
O ritmo a que outras nações se afastam do dólar americano deixou os comentadores norte-americanos desconfortáveis, e alegadamente levou a equipe do líder republicano Donald Trump a procurar uma forma de travar a tendência.
A substituição de importações da Rússia também avança a todo vapor, acelerando a reindustrialização do país, criando novos empregos e alimentando o crescimento econômico.
"Estamos olhando para o futuro, cheios de confiança, e implementando ativamente novos projetos e programas para melhorar ainda mais o nosso desenvolvimento, tornando-o ainda mais dinâmico e robusto", afirmou Putin em seu discurso.