Na última quarta-feira (8), o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, confirmou a suspensão do fornecimento de armas a Israel, porém enfatizou que a medida é para um lote específico de assistência militar. Mais tarde, Biden afirmou em uma entrevista à CNN que interromperia o envio de bombas aéreas e projéteis de artilharia aos israelenses caso a operação militar na Faixa de Gaza se expandisse para a cidade de Rafah. No entanto, os EUA continuarão a fornecer a Tel Aviv sistemas de defesa aérea e outros armamentos de caráter defensivo, assegurou Biden.
Ex-embaixador britânico em Damasco e especialista em Oriente Médio, Peter Ford afirmou à Sputnik que a decisão de restringir fornecimentos militares a Israel é um gesto "falso" do presidente norte-americano. Ford destacou ainda que o objetivo da suspensão é "acalmar" a opinião pública indignada. Desde outubro, mais de 34 mil pessoas já morreram, segundo dados palestinos, por conta do conflito promovido por Israel, que tem como principal aliado os EUA.
O especialista acrescentou que o efeito prático da suspensão do fornecimento de bombas de 908 quilos para o Estado judeu será "insignificante": "Israel tem um estoque suficiente de bombas e não precisa de mais desse repugnante armamento".
O analista político e jornalista Sam Husseini, por sua vez, considerou à Sputnik a suspensão do fornecimento de munições como um gesto medíocre, já que o apoio dos EUA a Israel continua sem limites.
"Isso pode ser um movimento pré-eleitoral, dado o quão impopular é o apoio de Biden ao genocídio israelense entre o público, especialmente entre os democratas. Ele precisa fingir que está se distanciando de Netanyahu", resumiu Husseini.
O ex-analista da CIA Philip Giraldi também classificou à Sputnik que a suspensão de alguns fornecimentos militares é um gesto simbólico diante das próximas eleições, previstas para novembro, quando Biden deve enfrentar o ex-presidente republicano Donald Trump.
"Acho que é uma fraude quando Biden finge estar fazendo algo para satisfazer os membros de seu partido e eleitores que estão revoltados com o que está acontecendo em Gaza, enquanto continua secretamente entregando tudo o que Israel quer ou precisa para Netanyahu", disse.
Já o ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita, Chas Freeman, observou à Sputnik que a suspensão do fornecimento de munições pesadas foi uma resposta "relutante" à insatisfação eleitoral, incluindo entre os jovens. No entanto, o especialista enfatizou que a medida veio "tarde demais" para reconquistar a simpatia dos eleitores. "Isso deve ser visto mais como um truque político do que como uma mudança de política", defendeu.