As denúncias citados pelo The Hill apontam que a base tem duas partes, uma que inclui "intensa restrição física" e a outra atua como um hospital de campanha onde os prisioneiros são amarrados às camas, vendados, colocados em fraldas e alimentados por tubos.
"Foi nos dito que não podiam se mover. Eles devem permanecer sentados. Não podem falar. Não podem olhar sob a venda nos olhos", disse um dos denunciantes. Os prisioneiros eram espancados por guardas, mas a tortura não fazia parte de qualquer tipo de interrogatório, de acordo com a agência de notícias.
"[Espancamentos] não eram feitos para obter inteligência. Eram feitos por vingança. Era punição pelo que fizeram em 7 de outubro e punição pelo comportamento no acampamento", afirmou.
Um prisioneiro afirmou que até mesmo falar com outro palestino era suficiente para levar uma surra dos guardas. Há suspeitas que Israel mantém milhares de palestinos sob sua custódia, muitos detidos sob uma lei recentemente modificada que permite que sejam mantidos indefinidamente e sem julgamento. Já as Forças de Defesa de Israel negaram manter prisioneiros por mais tempo do que o necessário.
Segundo os denunciantes, prisioneiros palestinos foram submetidos a condições extremamente cruéis na base militar de Sde Teiman, incluindo o uso prolongado de algemas que resultou em amputações de membros.
Um dos prisioneiros libertados, o médico Mohammed Al-Ran, relatou que foi mantido por semanas após ser considerado inocente de qualquer ligação com o Hamas, apenas para servir como intermediário entre os guardas e os prisioneiros.
Mohammed Al-Ran foi mantido na prisão por Israel e afirmou que os guardas soltavam grandes cães sobre os detentos enquanto dormiam durante as buscas de rotina, e lançavam granadas sonoras no recinto antes de entrar. A base militar de Sde Teiman é uma das três instalações militares que o país admitiu ter convertido em campo de detenção para palestinos.
Imagens de satélite mostram que a base de Sde Teiman foi significativamente expandida desde 7 de outubro. Hospitais civis se recusam a tratar palestinos feridos, segundo informações da mídia dos EUA.
"As acusações dos denunciantes e prisioneiros coincidem com as feitas em uma carta enviada aos principais funcionários por um médico israelense que trabalhou na instalação. Ele descreveu uma instalação onde amputações de membros causadas por algemas consistentes eram infelizmente um evento rotineiro", acrescentou Al-Ran.
O Exército de Israel afirmou que algema os prisioneiros até concluir que não representam mais uma ameaça à segurança. Al-Ran revelou que, antes de partir, outro prisioneiro pediu para encontrar sua família em Gaza e avisá-los de que é melhor ser um mártir do que capturado e mantido em Sde Teiman.