"Ele tinha uma legitimidade familiar, já que era filho do presidente anterior, mas nunca tinha sido eleito propriamente", comentou ao lembrar que o pai, Idris Déby, governou o país entre 1990 e 2021. "Aparentemente, a taxa de participação foi alta, 75%, o que surpreende no caso de uma eleição tão tensa, com candidatos vetados, em que você tem um candidato que é assassinado [Yaya Dillo]", comentou.
"As eleições se deram sem que as regras democráticas do jogo fossem plenamente respeitadas, em clima de intimidação […]. acho que dá para dizer, de terror, [e] que não não dá para dizer que há uma situação de equilíbrio entre os diferentes partidos para que possam concorrer de maneira justa", avaliou o especialista. "Pode não ser uma eleição totalmente limpa, mas que empresta legitimidade para um governo que até aquele momento não tinha essa legitimidade."
"Ao longo da década de 90, ele consegue primeiro chegar ao poder e se consolidar por sua história e seu histórico militar, vitórias em campo de batalha, mas nunca o controle completo; sempre teve grupos que mantêm combate", explicou o analista.
"Um pouco antes das eleições, o Chade encerrou uma parceria militar com os Estados Unidos, e as forças militares dos EUA no Chade deixaram o país no início de maio. O interessante é que a presença dos Estados Unidos no Chade era uma presença simbólica. Eram algumas dezenas de soldados. Resta ver como isso vai evoluir com relação à França, que tem uma presença muito mais forte", disse o especialista.
"São países que, enquanto Estados, têm 60 anos de idade. O Chade tem 64 anos. Ou seja, tem pessoas vivas que nasceram enquanto o país ainda era uma colônia. O segundo ponto é a influência externa, principalmente a intromissão externa nesses países, não só de grupos, empresas tentando conseguir favorecimento em propina e corrupção para líderes africanos, para conseguir contratos lucrativos no petróleo em toda a África francesa, mas também dos próprios ex-colonizadores."