O alerta foi feito nesta sexta-feira (17) pelo ministro extraordinário para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, com picos de chuva nas próximas terça (21), quarta (22) e quinta-feira (23). "É muito provável que a gente volte a ter um outro pico de chuvas fortes na semana que vem", declarou Pimenta.
Mais de 618 mil pessoas já estão fora de casa, e as enchentes afetaram 461 dos 497 municípios do estado. Conforme o ministro, desde a cheia histórica de 1941 os municípios de Porto Alegre e região passaram a ser protegidos por um sistema de diques e bombas que evitam as enchentes, já que estão praticamente no nível do mar.
"Ao longo do tempo, esses diques e casas de bomba passaram a ser de responsabilidade dos municípios. O que ocorreu nessa enchente? Primeiro, a cota para a qual esses diques foram construídos foi a da enchente de 1941. Como tivemos, em algumas regiões, uma inundação superior a 70% do que em 1941, tivemos algumas situações em que a água passou por cima do dique. Tivemos outras situações em que houve rompimentos de dique e tivemos também uma capacidade de resposta do sistema de bombas que foi insuficiente", pontuou Pimenta.
O ministro lembrou ainda que as águas, principalmente do Guaíba, romperam diversas estruturas e que mesmo com a redução do nível, os diques impedem o escoamento para o curso d'água. Há expectativa de envio de 27 bombas de São Paulo, Ceará e Alagoas para amenizar a situação no estado gaúcho.
"Virou uma piscina. Temos grandes piscinas na Região Metropolitana, especialmente Canoas, São Leopoldo e Porto Alegre. São as três regiões em que temos a maior quantidade de pessoas que não podem voltar para casa, e sequer temos condições, enquanto poder público, de saber se essas áreas poderão ou não voltar a ser local de moradia enquanto a água não baixar", acrescenta.
Dívida do Rio Grande do Sul suspensa por 3 anos
Também nesta sexta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei que suspende por três anos o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União. Conforme o texto, estados em situação de calamidade pública passarão a contar com a medida para ajudar a aliviar as contas públicas. O valor que deixa de ser pago deve ser usado para ações de enfrentamento às mudanças climáticas, além da criação de um fundo público.
O estado gaúcho deve ao governo federal cerca de R$ 400 bilhões, e, com a suspensão do pagamento, seguirão no caixa R$ 11 bilhões. A nova lei prevê ainda o perdão dos juros de 4% ao ano, o que vai gerar uma economia de R$ 12 bilhões.
"Apesar de o texto ter surgido para a situação específica das inundações no Rio Grande do Sul, a mudança beneficiará qualquer ente federativo em estado futuro de calamidade pública decorrente de eventos climáticos extremos, após reconhecimento pelo Congresso Nacional e por meio de proposta do Executivo federal", destacou o governo em nota encaminhada à Agência Brasil.